quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Getúlio Vargas

Discurso proferido em 26 de agosto de 1954,
por ocasião do falecimento
do ex-Presidente, Dr. Getúlio Dorneles Vargas *
         
É sob a mais profunda emoção que tomamos da palavra para manifestar o sentimento que nos vai n'alma pelo desaparecimento do Exmo. Sr. Presidente da República Brasileira, Sr. Dr. Getúlio Dorneles Vargas.
O extinto grande Presidente foi, sob inúmeros aspectos, a figura mais destacada da República. Já havia sido Ministro da Fazenda, Deputado e Governador do seu Estado natal, Rio Grande do Sul, quando pela primeira vez ouvimos falar do seu nome. É que, sendo nós adolescentes, no período anterior a 1930, não nos chegavam aos ouvidos o nome e as atividades patrióticas do cidadão que se iniciava em carreira brilhante, destinada a figurar em relevo na História do Brasil.
Foi exatamente na manhã de 3 de outubro de 1930, que estando na estação ferroviária de Morretes, para acompanhar uma delegação esportiva que se dirigia à cidade da Lapa, ouvimos falar no nome de Getúlio Vargas, por ter sido retardada a partida do trem em consequência da deflagração de uma revolução chefiada pelo mesmo. Daí por diante a nossa mocidade foi se desenvolvendo sob o influxo do chefe da revolução, do chefe do Governo Provisório, do presidente constitucional, do Chefe do Estado Novo, do senador e novamente do presidente constitucional, nessa sequência admirável, que só o tempo poderá julgar e que a história registrará como um dos períodos altos da vida da nossa Pátria. Foi por essa razão que nos acostumamos a admirar a obra do grande presidente, embora combatendo o bom combate no terreno das idéias políticas, com lealdade, de modo democrático.
Se nos perguntarem quais as realizações do Presidente Vargas mais admiramos, diremos que foi no terreno social que sua ação se fez sentir de modo mais evidente, sendo extraordinários os benefícios advindos da instituição da Previdência Social. Na área econômica, diremos que a fundação da indústria pesada, como Volta Redonda e outras, aliadas à organização da Petrobras e Eletrobras, que visam à independência econômica do Brasil.
Nos negócios exteriores, louvamos a política de boa vizinhança e a participação do nosso Brasil na Segunda Grande Guerra Mundial, quando o governo de Getúlio Vargas soube responder à altura a afronta à soberania nacional, ao serem afundados em nossa costa pacíficos navios cargueiros, perecendo tripulações inocentes.
Homem de extraordinária inteligência, de tino administrativo e, sobretudo, político sagaz, o grande extinto conseguiu soluções favoráveis para os mais complexos problemas, em situações as mais delicadas da vida nacional.
A sua popularidade jamais foi atingida por qualquer outro homem público do Brasil. A maneira pela qual foi reconduzido ao poder no ano de 1950 foi consagradora. Cometeu erros, porque errar é humano, e porque nem sempre de sua vontade emanaram determinados atos que deram ensejo ao pronunciamento das Forças Armadas Brasileiras.
Mas uma coisa ficou definitivamente positivada: foi o sentimento de brasilidade, a honra, o amor às classes mais humildes, que o grande Getúlio Vargas pôs em evidência, culminando com o sacrifício de sua própria vida.
A notícia de sua morte, de modo tão trágico, chocou profundamente o coração de todos os brasileiros.
Tivemos uma penosa sensação na manhã de terça-feira. Um amigo nos deu a notícia em primeira mão. A nossa emoção foi grande, mas ainda acreditávamos pudesse vir um desmentido. Poucos instantes após, um grupo de crianças, que na sua incompreensão e inocência saía alegre do grupo escolar ao lado, por terem sido suspensas as aulas, trouxe-nos a triste confirmação da grande tragédia que, na Capital da República, acabava de abalar toda a nação.

Elevemos nossas preces a Deus todo-poderoso, pelo descanso em paz, no seio do Senhor, da alma do grande brasileiro. Peçamos à Santíssima Virgem, padroeira dos aflitos, pelo consolo e conforto da digníssima família enlutada. Roguemos aos céus, pela manutenção da Paz, da Ordem e do Progresso no seio do povo de nossa Pátria.

Doutor Getúlio Dorneles Vargas..., é verdade o que escrevestes! ... saístes da vida... entrastes para a história!

Tenho dito.

* Discurso publicado na pg. 81 do livro Tenho dito

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Barreiros hoje

A Estrada de Barreiros aberta e inaugurada na gestão do prefeito Luiz Brambilla, em 1930, está sendo asfaltada. Penso que dos 6 km de extensão a metade já está pronta.
Enquanto esperamos a conclusão dos trabalhos, que tornará a excursão mais confortável, convido vocês para um passeio virtual a um dos sítios mais bonitos de Morretes.
Veja o Nhundiaquara, sereno, em busca do mar, o complexo Marumbi, majestoso, sob qualquer ângulo, as belas residências, chácaras bem cuidadas, plantações, criações e muito mais, uma verdadeira festa para seus olhos.



Início da estrada que leva a Barreiros


Região de Barreiros



Rio Nhundiaquara




Vista do Iate Clube de Morretes






Piscina do Iate Clube

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Luiz Nenê Brambilla *


Luiz Nenê Brambilla

Eu já falei neste Campo Santo quando a morte roubou a mocidade em flor de Chiquinho Caetano, orgulho do esporte Morretense. Eu já discursei aqui quando Nenê Trombini, meu grande amigo, arrebatado pela Parca, baixava à sepultura. (...) Eu não poderia, portanto, meus caros conterrâneos e parentes, deixar de discursar ante o túmulo de Luiz Brambilla, cujo corpo ao baixar hoje ao jazigo, leva consigo pedaços do meu coração.

Será o Morretense amante de sua terra ou será o genro extremado que se manifesta nestas sinceras palavras? Eu o afirmo que são ambos, porque em Luiz Brambilla, meus amigos, eu vi no convívio diário de vinte anos, o homem em sua vida pública, o homem em sua vida comercial, o homem em sua vida privada. E não soube qual delas mais admirar, se como Prefeito de sua terra em gestão brilhante e profícua; se como o político prestigioso e hábil reunindo em torno de si os elementos mais destacados da vida pública do Estado; se o cavalheiro de fino trato pontificando na vida social da cidade; se o sócio fundador da Sociedade Beneficente e Recreativa dos Operários de Morretes; se o sócio benemérito do Clube 7 de Setembro; se o Morretense entusiasmado e interessado por tudo que se relacionasse com o progresso da nossa terra.

Eu não sabia como dizia, se admirar mais o homem público ou o comerciante que após quarenta anos de atividade profícua, espalhando benefícios pelos quatro cantos do nosso Município, viu de um momento para outro, por ser bom e honesto, ruir seu monumento. Foi como se arrebentasse o navio, e ele, qual comandante intemerato, abandonado pela maior parte da tripulação, sobrando-lhe dos amigos somente os mais leais em número reduzido, suportou toda a borrasca, levando-se para um porto calmo, onde consolidou a estima e o conceito dos seus concidadãos, mercê de uma existência pobre de bens materiais, porém digna.

O homem da vida privada, eu o aponto como modelo de honradez e das virtudes morais e cristãs. (...) O carinho que dispensava aos seus, levaram-no a sofrer pelos outros, e ainda durante a grave e longa doença, vimo-lo muitas vezes, entre fortes dores, esquecer de tudo, menos, porém, de pequeninas coisas de que necessitassem e principalmente da saúde de sua esposa, de suas filhas e de suas netinhas.

Seu Nenê! Meu caríssimo sogro!

(...) A saudade ficará eternamente gravada no coração daqueles a quem tanto amou e por quem foi sempre bem amado. Receba o meu saudoso adeus. A minha eterna gratidão por tudo que fizeste por mim. Receba o último beijo de D. Cota, de Odete, de Olguinha de Belinha, Lígia, Lia, Eliane, Marília e Carlito.(...)
Nada mais posso dizer. Eu não falo pelos lábios. Falo pelo coração.
Adeus!
Descanse na Paz do Senhor!
Dona Cota

* O discurso na íntegra encontra-se no livro Tenho dito, p.61

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Dois milagres de Nossa Senhora do Porto

Em agosto de 1956, a imagem de Nossa Senhora do Porto foi levada a Curitiba, a pedido dos sócios do Centro Morretense, agremiação que reunia os filhos e amigos da terra de Rocha Pombo. Após alguns dias na capital a imagem da santa retornou a Morretes, onde foi recebida com festa, saudada pelo meu pai que discursou em nome dos morretenses.


Quando Nossa Senhora do Porto, Excelsa Padroeira de Morretes, regressa de sua viagem vitoriosa a capital do Estado é com o maior júbilo e o coração transbordante de alegria que A vemos de volta em nosso seio, para receber dela as bênçãos que dadivosamente distribui.(...)
Neste instante, tão emocionante, ficamos a meditar sobre há quanto tempo Nossa Senhora do Porto nos ampara e nos protege! Quando o Rio Cubatão, hoje Nhundiaquara, era porto obrigatório de paragem de canoas, era uma obrigação costumeira dos canoeiros virem depor aos pés da Virgem a sua melhor oração, cada vez que chegavam.(...)
Depois tivemos conhecimento dos principais milagres da Virgem, dentre eles aquele em que um dos filhos da viúva João Malucelli (Bepim), mais um irmão e um primo, salvaram-se milagrosamente de um raio, porque em tempo oraram com fervor a Nossa Senhora do Porto. Abrigados que estavam da chuva impiedosa debaixo de uma bananeira, só tiveram tempo de mudar de lugar passando para outra, e eis que uma saraivada de faíscas atingiu o abrigo anterior. Esse milagre foi retratado por Th. De Bona numa tela que recebeu o nome O Raio.


Outro milagre mais empolgante aconteceu com o falecido Júlio Vila Nova e seus filhos Levito e Itália, que elevaram suas preces e foram salvos da fúria do mar após o furacão ter partido o mastro de sua frágil embarcação, quando atravessavam a baía de Paranaguá. O mar, que era bonançoso, num momento tornou-se qual fera indomável. O desolado pai sabia que ia perecer porque a embarcação não permitia a defesa contra as ondas. Cheio de resignação, ele entregou sua sorte e a dos seus estremecidos filhos à proteção da incomparável e Milagrosa Santa. Daí a momentos o vento amainou, o mar tornou-se qual plácido Nhundiaquara e eles salvaram-se, para serem testemunhas de tão grandioso milagre!(...)
Este fato também foi reproduzido por Th. De Bona e recebeu o nome de Tempestade.

Lançai as vossas vistas, ó Mãe eterna e Senhora Nossa, sobre Morretes e seu povo, fiel guardião das tradições dos nossos antepassados, daqueles que nos transmitiram o amor e veneração por Vós, tocando os nossos corações com os sentimentos sublimes do temor a Deus e amor ao próximo.
Salve Maria!

As telas O Raio e Tempestade encontram-se na Igreja Matriz de Morretes
O discurso acima pode ser lido no livro Tenho dito, p. 103