quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

Milagres de N.S. do Porto por M.L. De Bona


As duas telas a óleo que se encontram na Igreja Matriz (infelizmente em lugar de pouco destaque), de autoria de meu irmão Th. De Bona, representam o cumprimento de uma promessa feita ainda quando o pintor cursava a Real Academia de Veneza, Itália.
Recebida a graça, teve pressa o artista, tão logo regressou da Península, em cumprir a promessa que era feita ao mesmo tempo pelos nossos demais irmãos Santos, Antônio, Tereza e Maria.
O projeto da pintura inicial, era um fundo de altar, o que se tivesse sido concretizado seria uma obra de inestimável valor artístico para Morretes. Infelizmente havia sido doado recentemente o novo altar pelo Dr. Marcelino Nogueira e este era muito alto - requeria cortá-lo - o que não foi encorajado pelos responsáveis de então.
Seria um trabalho idêntico ao que o artista tinha feito para o altar de Santo Antônio, da Igreja de Longarone, Beluno, berço de nossos pais.
A Tempestade
Surgiu então a ideia de pintar duas telas, uma para cada lado do interior da Igreja (nave), representado dois milagres da Virgem. Assim é que foi realizada a primeira composição que fixa o instante em que o Sr. Júlio Villa Nova e seus filhos Livito e Italia elevaram preces e foram salvos da fúria do mar após a tempestade ter partido ao meio o mastro de sua frágil embarcação, quando iam a festa de N.S. do Rocio, em Paranaguá.
O segundo quadro mostra o momento angustioso em que tendo orado a N.S. do Porto o Sr. 
O Raio

Bepim Malucelli e seus primos, não se sabe como, impulsionado para outro abrigo, caindo segundos após fulminante raio sobre a bananeira que lhes servia de primitivo amparo de um avassalador furacão. 

No dia da entrega desses louvores artísticos o Sr. Clemente Consentino, de saudosa memória, fez o agradecimento em nome da Irmandade. Nesse mesmo dia o famoso escultor João Turim, nosso conterrâneo, ofertou uma Mater Dolorosa, baixo relevo que é um primor de arte e de expressão.
Foi assim que a Igreja Matriz de Morretes recebeu essas obras a que se deve dar o maior valor, por serem originais dos autores, e não simples litografias ou cópias, como se vê comumente nos Templos.

Artigo de M.L. De Bona publicado no jornal Nhundiaquara,
em 22 de dezembro de 1954