quarta-feira, 29 de abril de 2015

A BIBLIOTECA DO INSTITUTO M. TROMBINI SERÁ FECHADA!



Dias atrás, curtindo o facebook, deparei com esta notícia assustadora: MORRETES ESTÁ DE LUTO! Não se tratava de pessoa ou parente falecido e sim do fechamento da Galeria Mirtillo Trombini  juntamente com a biblioteca Nosso Cantinho de Leitura! Tinha conhecimento dessa possibilidade, mas nunca pensei que se concretizasse. No último fim de semana estando em Morretes vi o prédio que abrigava o belíssimo acervo do pintor Mirtillo  Trombini em reforma,  a poeira e sujeira acumuladas sobre os livros e computadores  que ainda se encontram no recinto,  e sem entender me pus a pensar como foi possível acabar com tão bela e proveitosa fonte de conhecimentos. Soube mais tarde que as telas do artista podem ser admiradas no instituto que leva o nome do nosso conterrâneo, mas o descaso para com a biblioteca é imperdoável! Com a biblioteca e com as funcionarias Elizabeth e Lucimara portadoras do diploma de Bibliotecárias cidadãs, pelo curso de Biblioteca Cidadã, oferecido pela Biblioteca Pública do Paraná.
A biblioteca, de caráter filantrópico sem verbas para aquisições, nasceu e cresceu graças ao projeto “O Brasil para o nosso cantinho de leitura”. Idealizado por Elizabeth rendeu muitas doações vindas de várias partes do Brasil e de diversos cantos do mundo graças aos turistas que por lá passaram. Tem acervo de 30.000 títulos catalogados e classificados, composto de literatura e jogos infantis, coleção de referência, livros didáticos, romances, revistas, algumas obras raras e até um exemplar do Alcorão em português enviado diretamente do Oriente Médio. Atende 1.850 leitores devidamente cadastrados, com consulta local e empréstimos para pesquisas escolares municipais, estaduais e universitárias para todas as idades.
Na minha opinião o abandono do acervo do Nosso Cantinho é tão absurdo que inconscientemente redigi todo texto usando o verbo no tempo presente, como se a biblioteca ainda existisse!
Por Ligia De Bona









quarta-feira, 8 de abril de 2015

Humberto Malucelli, o Amigo por M.L.De Bona

 
Da velha Itália, para ajudar a fazer a grandeza do Brasil, vieram os seis irmãos Malucelli, no ano de 1876. Radicando-se em Morretes, Marcos, Batista, Lourenço, João, Antonio e Domingos não foram meros expectadores das lutas pela sobrevivência das famílias estrangeiras, que desembarcaram julgando ser este país a Terra da Promissão. Eles sentiram, como os outros, a desproteção do governo, a dureza da terra, a adversidade do clima. 
Uma dádiva, porém, trouxeram do além-mar: o amor pelo trabalho, que foi a razão de ser de suas vidas.
A família foi se tornando numerosa; os seis irmãos, filhos do tronco João-Margarida, foram se tornando, por sua vez, chefes de outras tanta grandes famílias, constituídas em sua maior parte de filhos de homens que, hoje, já na terceira geração, no Brasil, expandem o nome Malucelli como padrão de honra.
A família, no início, teve um chefe na figura patriarcal do velho Marcos. A sua atuação foi enérgica e serena, na condução daqueles que aos poucos, com trabalho continuado, deixando cair seu suor na terra dadivosa, levantaram o patrimônio extraordinário dos dias atuais.
Humberto Malucelli
Marcos Malucelli, que é hoje nome de rua em Morretes, faleceu no ano de 1929. Desde então a empresa, por sua organização, não mais requereu a existência de um chefe que fosse ao mesmo tempo chefe da família. Todavia, vários homens do clã destacaram-se pelos negócios e equilíbrio de conduta, merecendo situações de comando.
Há pouco faleceu Humberto Malucelli. Filho do subtronco João-Maria. O seu desaparecimento causou dolorosa impressão no seio da família, onde sua voz, ponderada e sensata, era sempre acatada. A bondade era o traço predominante do seu caráter. O seu trabalho, desde os duros tempos da lavoura até os atuais, onde exerceu cargos de direção nas indústrias e funções públicas de alta relevância, inclusive a de Diretor de Departamento e Deputado Estadual, foi sempre no sentido do bem comum, sempre preocupado com a boa administração, com a assistência social e com o prestigiamento de toda e qualquer iniciativa de cunho coletivo.
Sua educação possibilitava o trato lhano e bondoso com todas as pessoas que dele se aproximavam; o seu grande coração fazia-o O Chefe de Família amorosíssimo, de todos conhecido, junto de sua veneranda mãe, de sua virtuosa esposa, prendadas filhas e queridos netos.
Mas, para nós outros, das relações de amizade do saudoso Humberto, o vocábulo mais inesquecível será o de Amigo, porque junto dele este termo não era formal. Esta palavra encerrava afeição. A dedicação e a estima a que se evidenciava tanto nas horas alegres como nas amargas, dos que com ele conviviam.
A nossa saudade será grande, porém, amenizada pela nossa certeza de que a memória de Humberto Malucelli será sempre reverenciada entre seus familiares, seus amigos e entre todos aqueles que se espelharem no belo exemplo de sua vida.

Publicado no “Correio do Paraná
Curitiba, março de 1963.