O título deste escripto não é um plagio da ephigtaphe do artigo que o intellectual conterrâneo, snr. Aguilar Moraes, escreveu no primeiro numero do Éco. Emprego-o porque na verdade é com palavras simples e despretenciosas que pretendo desenvolver o assumpto de que vou tratar sobre aquillo que sempre considerei uma das mais importantes cousas do mundo moderno: o esporte.
Secretariando a extincta Liga Desportiva Morretense e occupando actualmente idêntico cargo no Operário F. Club, dispo-me de toda a modéstia e afirmo que sou um profundo conhecedor do que é Morretes, esportivamente falando. O Éco, em seu número 11, já disse-o porque da decadência do esporte em Morretes, cujo artigo, attendendo a uma convocação deste jornal coube-me escrever.
Ennumerei naquelle modesto escripto todos os motivos que impedem o desenvolvimento do esporte em Morretes, motivos esses originados pelo maior de todos, ou seja, o da pouca attenção que dispensa ao esporte o povo Morretense, no esquecimento de que são esses exercícios o factor principal do aperfeiçoamento physico de uma raça. Entretanto, obstei-me de aproveitar aquella oportunidade para exteriorisar ao público o que há muito tempo venho notando. Refiro-me a desconsideração com que são tratados, quando trata-se do esporte,as pessoas que abenegadamente trabalham por elle. É commum ouvir-se, como indirectamente eu tenho ouvido, numa phrase assim: esporte é p’ra gente á toa. Ora, imaginem os leitores o desanimo que se apossa da gente ao receber pela lata uma palavrinha dessas.
Esquecendo todos esses dissabores e visando unicamente o progresso de minha terra, prosseguirei trabalhando pela nobre causa. Assim, por estas colunnas, lanço um apelo aos bondosos conterrâneos, pedindo-lhes encarecidamente que d’óra avante procurem auxiliar todos aquelles que se esforçam pelo futebol, natação e basket-ball em nossa cidade e dentro de pouco tempo, estou certo, colherão os fructos desse trabalho, que se resume apenas em apoial-os moral e materialmente.
Publicado no livro Tenho dito, p.177.
Na leitura deste artigo uma frase chama a atenção – são os exercícios físicos o fator principal do aperfeiçoamento de uma raça... Meu pai escreveu esta matéria para o jornal Éco, em 1933, aos 19 anos! Hoje ele estaria com 96 anos e ficaria feliz com a conscientização da importância do esporte, que se disseminou pelos quatro cantos do mundo, e com todas as novidades que surgiram nestes 67 anos. As academias de ginástica, sempre lotadas, estão aparelhadas com modernos equipamentos e contam com professores capacitados que indicam e acompanham a prática dos exercícios. Nos parques, ciclovias e até nas ruas as pessoas se exercitam, por necessidade ou mesmo por modismo. São inúmeras as escolinhas de futebol, natação, vôlei, tênis e outras, enfim a piazada também está aprendendo o que é bom!
Operário Futebol Clube de Morretes - 1945
Nhundiaquara Tênis Clube de Morretes - 1939