Tenho dito é uma coletânea de discursos de Marcos Luiz De Bona que, ao longo da sua vida, sempre teve palavras para homenagear sua terra natal e seus conterrâneos. Com esta publicação queremos resgatar não só a memória do homem público, do intelectual e do cidadão, como também recordar alguns fatos e histórias ocorridos em Morretes. Este blog será ilustrado com fotos do acervo da família De Bona e de amigos. Curtam nossa pagina do Facebook no https://www.facebook.com/debonatenhodito/
quarta-feira, 28 de julho de 2010
O ideal de servir
domingo, 18 de julho de 2010
Professora Iracema Bittencourt
Hoje, dia em que o contador de visitas do meu blog registrou 1.000 acessos, quero agradecer a atenção dos meus leitores e homenagear D. Iracema Bittencourt.
Na memória registramos principalmente os fatos marcantes, aqueles que mais chamaram nossa atenção, e comigo não foi diferente. Eu tinha 7 anos e fui matriculada no velho Grupo Escolar Miguel Scheleder - Morretes - no prédio que depois abrigou o Ginásio Estadual Rocha Pombo. Como a escola estava com a capacidade esgotada algumas crianças foram transferidas para as salas de uma casa na Rua XV, inclusive eu. Era meu primeiro dia de aula e a D. Iracema, segurando minha mão, me levou para o novo endereço. Ao entrar na sala vi as carteiras duplas, e sobre elas um objeto desconhecido. Era um TINTEIRO - de louça - encaixado no tampo das carteiras. Eu muito tímida, em pé, centro das atenções, pois interrompemos a aula com a nossa chegada, sem saber o que fazer com as mãos, meti o dedo no buraco do tinteiro e qual não foi a minha surpresa quando verifiquei que meu dedo saiu azul! Ah! D. Iracema que vergonha! Só não fiquei de cabelos em pé porque usava tranças...
Cidadã benemérita de Morretes
A turma da Escola Normal do Estado (hoje Instituto de Educação de Curitiba) comemorou no mês de novembro p/passado as bodas de prata da sua formatura. Há 25 anos, portanto que aquelas moças idealistas iniciaram o sacerdócio do ensino, fazendo das crianças os homens do Brasil do futuro.
Entre as jovens daquela turma estava a Srta Iracema Bittencourt, filha do saudoso e honrado morretense Bernardo Bittencourt e de sua esposa também de saudosa memória D. Francisca Bittencourt.
Ingressando no magistério no ano de 1939, no Grupo Escolar Miguel Scheleder, a nova professora exerceu as suas funções até 1946. Nesse ano, a insigne mestra D. Maria Luiza Bertz Merkle foi removida, a pedido para a direção de outro grupo na capital do estado, e a professora Iracema foi investida no elevado cargo de Diretora do nosso principal estabelecimento de ensino.
Em todos estes anos houvesse D. Iracema com capacidade, inteligência, dedicação e senso de direção elogiáveis. É ela dotada de notável capacidade de trabalho e de estudos, tendo se formado Contadora no ano de 1958 e está cursando atualmente a Faculdade de Filosofia de Paranaguá. Acumula os cargos de Diretora do grupo e Inspetora do ensino primário, bem como o de professora do ginásio e da escola normal, de tudo se desincumbindo a contento e está sempre presente às iniciativas que visam o bem comum e o sentimento de civismo da nossa mocidade.
Portadora de esplêndida formação cristã a professora Iracema Bittencourt fez-se merecedora das homenagens que lhes foram prestadas na oportunidade do 25º aniversário de sua formatura. As educadoras morretenses fizeram inaugurar em sessão festiva o seu retrato no gabinete do grupo escolar. A Câmara de Vereadores fez-lhe entrega, em sessão solene, do título de Cidadã Benemérita de Morretes, e finalmente os amigos ofertaram-lhe um jantar.
Agradecendo aos que lhe saudaram a distinta morretense, com a voz embargada pela emoção, produziu belas orações.
*Artigo escrito por MLB e publicado em novembro de 1964
quarta-feira, 14 de julho de 2010
Humberto Malucelli, o amigo
Humberto Malucelli
Da velha Itália, para ajudar a fazer a grandeza do Brasil, vieram os 6 irmãos Malucelli, no ano de 1876. Radicando-se em Morretes, Marcos, Batista, Lourenço, João, Antonio e Domingos não foram meros expectadores das lutas pela sobrevivência das famílias estrangeiras que desembarcaram julgando ser este país a Terra da Promissão. Eles sentiram como os outros a desproteção do governo, a dureza da terra, a adversidade do clima.
Uma dádiva, porem, trouxeram de além-mar: o amor pelo trabalho que foi a razão de ser de suas vidas.
A família foi se tornando numerosa; os seis irmãos, filhos do tronco JOÃO-MARGARIDA, foram se tornando por sua vez chefes de outras tantas famílias numerosas, constituídas em sua maior parte de filhos homens que hoje, já na terceira geração no Brasil, expandem o nome MALUCELLI como padrão de honra.
A família, no início, teve um chefe na figura patriarcal do velho Marcos. A sua atuação foi enérgica e serena, na condução daqueles que aos poucos, com trabalho continuado, deixando cair seu suor na terra dadivosa, levantaram o patrimônio extraordi´nário dos dias atuais.
Marcos Malucelli, que é hoje nome de rua em Morretes, faleceu no ano de 1929. Desde então, a Empresa, por sua organização, não mais requereu a existência de um chefe que fosse ao mesmo tempo chefe da família. Todavia, vários homens do clã destacaram-se pelos negócios e equilíbrio de conduta, merecendo situações de comando.
Há pouco faleceu Humberto Malucelli. Filho do sub-tronco JOÃO-MARIA, o seu desaparecimento causou dolorosa impressão no seio da família, onde sua voz, ponderada e sensata era acatada. A bondade era o traço predominante do seu caráter. O seu trabalho, desde os duros tempos da lavoura, até aos atuais onde exerceu cargos de direção nas indústrias e funções públicas de alta relevância, inclusive a de Diretor de Departamento e Deputado Estadual, foi sempre no sentido do bem comum, preocupado que sempre se achava na boa administração, na assistência social e no prestigiamento de toda e qualquer iniciativa de cunho coletivo.
Sua educação possibilitava o trato lhano e bondoso com todas as pessoas que dele se aproximavam; o seu grande coração fazia-o o chefe de família amorosíssimo de todos conhecido, junto de sua venerada mãe, de sua virtuosa esposa, prendadas filhas e queridos netos.
Mas para nós outros, das relações de amizade do saudoso Humberto, o vocábulo mais inesquecível será o de AMIGO. Porque junto dele este termo não era formal; este termo encerrava afeição; a dedicação e a estima a que se evidenciava tanto nas horas alegres como nas amargas dos que com ele conviviam.
A nossa saudade será grande, porém amenizada pela certeza de que temos que a memória de Humberto Malucelli será sempre reverenciada entre seus familiares, seus amigos e entre todos aqueles que se espelharem no belo exemplo de sua vida.