No dia 31 de outubro de 1973, durante as festividades de 240 anos de Morretes, foi inaugurado o "Marco da cidade", ocasião em que meu pai proferiu o discurso abaixo:
Convidados pelo Sr. Prefeito, através da
direção do Grupo Escolar Municipal da Vila dos Ferroviários, para manifestar,
neste dia festivo do aniversário da nossa cidade, a satisfação pela passagem da
data de 31 de outubro, transmitimos às autoridades, aos visitantes, ao povo em
geral aqui presente, a nossa saudação.
Não teria significado a
presença da mocidade estudiosa, das pessoas gradas e do povo, neste local, não
estivessem todos possuídos do ardor cívico, do sentimento de brasilidade, do
amor à Terra Morretense que caracterizam as manifestações da nossa gente.
Foi esse mesmo sentimento
carinhoso pelas coisas que dizem respeito à Morretes, que nos ensejou, neste
momento, a felicidade de ver a Família Morretense reunida para, de público,
cultuar o Pavilhão Nacional que alteia, admirar a Bandeira do Município,
mostrar a beleza das crianças do ensino primário, a juventude radiosa dos que
fazem o secundário, o garbo dos que atingem o ensino médio, a presença
respeitável dos educadores e das educadoras, atestando o honroso nível
intelectual aqui presente.
São esses interesse e
esforço denodados dos nossos administradores que nos dão a esperança, a
certeza, de que os Prefeitos Municipais, aqui reunidos, darão a Morretes e a
toda a região do litoral, o progresso material básico da nossa sobrevivência,
ao lado das riquezas que possuímos no campo da história, da cultura, das
belezas naturais, que tantas alegrias trazem aos nossos corações e tanto elevam
o nosso espírito.
É, ainda, o sentido de
cooperação e de trabalho que nos permitirá ver, ainda hoje, a inauguração de
importantes obras públicas municipais, de necessários serviços médico-dentários,
competições esportivas tornando saudáveis os jovens, canto e música elevando nossas
almas, exposição de antiguidades, recordando gente e coisas do nosso passado
saudoso, e, para encerrar, a ação de graças pelo ânimo que os dons divinos
têm-nos dado para suportar os dias amargos, e pelas alegrias e felicidades que
temos gozado nos dias que são venturosos, da nossa existência.
Duzentos e quarenta anos são
passados do dia em que, oficialmente, Morretes passou a existir como comunidade
constituída, embora 12 anos antes já houvesse o Ouvidor Pardinho determinado
essa medida legal. O Marco dessa existência vai ser inaugurado, hoje, neste
local em que os Oficiais da Câmara de Paranaguá, em nome de El-Rey, demarcaram
as 300 braças em quadra. Há
mais de dois séculos que o antigo Cubatão, hoje Nhundiaquara, assiste à
vivência, moderada e pacífica, dos que aqui nasceram e dos que aqui aportaram
em busca de trabalho. Há mais de duzentos anos que a capela, depois Igreja de
Nossa Senhora do Porto, com sua frente voltada para o rio, tem suas portas
abertas aos fiéis.
Os nossos antepassados sempre festejaram a
data de 31 de outubro. Hoje nós a estamos assinalando. Oxalá gerações e mais
gerações futuras mantenham as nossas tradições, ativem o nosso progresso, vivam
em Paz e permitam que este lindo recanto do litoral continue a ser, como hoje,
um exemplo de civismo, de operosidade e de união.
Senhor Prefeito, demais
autoridades, mocidade escolar e conterrâneos!
Esta foi a nossa saudação,
simples, na forma literária, mas esplendorosa em seu conteúdo de amor pela
nossa terra.
Tenho dito.