quarta-feira, 3 de setembro de 2014

Discurso proferido quando a imagem de Nossa Senhora do Porto retornou de Curitiba, em 17 de agosto de 1956.

Quando Nossa Senhora do Porto, excelsa padroeira de Morretes, regressa de sua viagem vitoriosa à Capital do Estado, é com o maior júbilo e o coração transbordante de alegria, que A vemos de volta em nosso seio, para receber dela as bênçãos que dadivosamente distribui.
Pela primeira vez em toda a sua história, nossa querida Padroeira, Mãe sublime do Redentor, ausentou-se do seu santuário, e bastaram tão poucos dias, para que os corações dos seus amorosos filhos se enchessem de saudade.
Nós, porém, que aqui vivemos e gozamos a bem-aventurada companhia de nossa Santíssima Virgem, não devemos lamentar a ausência da querida Santa, porque seu amor, suas bênçãos, a proteção do seu manto, também merecem S. Exª. o Sr. Arcebispo Metropolitano, a quem foi homenagear, e especialmente merecem muito também os filhos de Morretes que estão longe do seu torrão natal e que não A esquecem um só momento. Foi, pois, com justiça, que a milagrosa Nossa Senhora do Porto foi conduzida ao Centro Morretense de Curitiba, onde foi condignamente recepcionada. Muito comoventes as expansões de fé e carinho daqueles que acorreram para beijar o seu manto, para entoar hinos de louvor, para elevar preces ao altíssimo, na oportunidade da reunião de Morretenses que, esquecendo todas as amarguras da vida, ali estavam irmanados, sentindo-se como se estivessem em Morretes.
O Raio
Nós que A vimos partir há tão poucos dias, tivemos a certeza de que a viagem da Santa a Curitiba seria triunfal, e eis que previmos o que verdadeiramente aconteceu.
Neste instante, tão emocionante, nos pomos a meditar sobre quanto tempo faz que Nossa Senhora do Porto nos ampara e nos protege! Quando o rio Cubatão, hoje Nhundiaquara, era porto obrigatório de paragem de canoas, era uma obrigação costumeira dos canoeiros virem depor aos pés da Virgem a sua melhor oração, cada vez que chegavam.
Depois, tivemos conhecimento dos principais milagres da Virgem, dentre eles aquele em que um dos filhos da viúva João Malucelli (Bepim), mais um irmão e um primo, salvaram-se milagrosamente de um raio, porque em tempo oraram com fervor a Nossa Senhora do Porto. Abrigados que estavam da chuva impiedosa debaixo de uma bananeira, só tiveram tempo de mudar de lugar passando para outra, e eis que uma saraivada de faíscas atingiu o abrigo anterior. Esse milagre foi retratado por Theodoro De Bona numa tela que recebeu o nome   O Raio.
A Tempestade
Outro milagre mais empolgante aconteceu com o falecido Júlio Vila Nova e seus filhos Levito e Itália, que elevaram suas preces e foram salvos da fúria do mar após o furacão ter partido o mastro de sua frágil embarcação, quando atravessavam a baía de Paranaguá. O mar, que era bonançoso, num momento tornou-se qual fera indomável. O desolado pai sabia que ia perecer porque a embarcação não permitia a defesa contra as ondas. Cheio de resignação, ele entregou sua sorte e a dos seus estremecidos filhos à proteção da incomparável e milagrosa Santa. Daí a momentos o vento amainou, o mar tornou-se qual plácido Nhundiaquara, e eles salvaram-se, para serem testemunhas de tão grandioso milagre!
 
Morretenses, saibamos amar a nossa Padroeira. Pautemos os nossos atos, a nossa conduta, pedindo sempre a Ela que nos guie em nossos empreendimentos, pois certa será a nossa vitória.
Nossa Senhora do Porto!
Com a parcela dos nossos amorosos sentimentos por Jesus Cristo, sob vossa proteção, teremos contribuído para firmar a tradição secular de nossa fé, tesouro que se descortina deslumbrante aos nossos olhos.
Lançai as vossas vistas, ó Mãe eterna e Senhora Nossa, sobre Morretes e seu povo, fiel guardião das tradições dos nossos antepassados, daqueles que nos transmitiram o amor e veneração por Vós, tocando os nossos corações com os sentimentos sublimes do temor a Deus e amor ao próximo.
Salve Maria!