O centenário de nascimento de uma personalidade de
Morretes não passará despercebido, nesta cidade, ciosa que é dos seus vultos
ilustres e das suas tradições de cultura.
Comemoram-se neste mês os cem anos da professora de
muitas gerações de Morretenses – Gabriela de Souza Nogueira - , a qual acaba de
merecer a designação de seu nome em uma das ruas da cidade e terá, ainda,
fotografia e placa de bronze no antigo prédio escolar, na rua Coronel Modesto.
Temos bem presente em nossa memória a figura bondosa
e simpática da professora quando, nos idos de 1925, posou para uma fotografia,
em grupo, hoje histórica, ao lado de suas colegas e tendo ao redor a nossa turma de alunos do
Grupo Escolar Miguel Scheleder. Dona Gabriela ali está, sentada, em postura
muito digna, ao lado da diretora Dona Maria Luiza Burtz Merkle e da professora
Dona Anita Gomes Rohn, estas também sentadas. Logo atrás, em pé, as professoras
Dona Tereza Madaloso Zilli, Dona Maria da Luz Siqueira e Dona Casta Carmem
Gonçalves, e,. ao fundo, aparecendo na janela, a figura popular da velha zeladora
Dona Hermínia Pereira.
Dona Gabriela, uma das primeiras normalistas da
antiga Escola Normal de Curitiba, ofereceu a sua vida inteira ao sacerdócio do
ensino e por isso fez-se merecedora destas homenagens que lhe prepararam
dedicadas ex-alunas, diretores do Centro Morretense de Curitiba, autoridades de
Morretes, amigos e admiradores.
Filha do capitão Francisco Antônio da Costa Nogueira
e de Dona Adelaide Constança de Souza, Gabriela Nogueira estava destinada ao
exercício do magistério, por ligações muito íntimas com figuras da história do
ensino no Paraná. Sua tia Dona Geraldina do Pilar e Souza foi a primeira
professora com exercício legal, em Morretes, pois para efetivá-la ,
movimentou-se a Câmara da então Vila,
sob a presidência do Coronel Modesto Gonçalves Cordeiro para, em sessão de 20
de abril de 1846, designar banca para examiná-la, composta dos cidadãos Francisco da Silva Neves e Antonio José de
Araújo, este, mais tarde, Comendador do Império.
Rita Ana de Cássia, tia-avó de Dona Gabriela, foi
professora por concurso realizado em Curitiba, sob a presidência do magistrado
paulista. Por outro lado, uma sua parenta, Dona Júlia de Souza Wanderley
Petriich, foi educadora no Estado, merecendo ereção de busto em praça pública
na capital.
As homenagens que os Morretenses, com carinho e
saudade, prestam à querida mestra, tem essa virtude esplêndida de perpetuar a
memória de pessoas que, pelos belos exemplos de suas vidas, fizeram do seu
procedimento uma regra de procedimento universal.
Professora Gabriela de Souza Nogueira |
Publicado na Gazeta do Povo
Curitiba,
dezembro de 1962.