ADALBERTO VILLA NOVA
Vêem-se também
nos grandes centros, mas é mais comum encontrarem-se nas cidades do interior,
pessoas que, não tendo ordens sacras, se dedicam ao cuidado das coisas santas,
dirigindo Irmandades, presidindo Congregações, ajudando na Santa Missa.
Essas
pessoas, geralmente de idade avançada, já no gozo da aposentadoria da atividade
a que se dedicaram, na vida, são possuídas de sentimento cristão em elevado
grau, piedosas, serviçais, humanitárias.
Elogiar a
conduta de homens e mulheres de coração assim tão bem formado torna-se
desnecessário, pois a estima geral de que gozam, no seio da comunidade em que vivem,
o respeito, a consideração, já são retribuição suficiente a quanto vem
praticando de bem para a alma de seus semelhantes.
Adalberto
Villa Nova, cujo infausto passamento ocorreu há pouco, em Morretes, não se
inclui entre aquelas pessoas por nós ditas idosas e aposentadas, embora já nos
últimos anos estivesse ele nessas condições. Dizemos não se inclui, porque
mesmo quando moço e tinha a seu cargo a sua indústria, já exercia as mais
diversas atividades, na Paróquia de Nossa Senhora do Porto, herdando de seu
pai, o honrado Morretense, Júlio Villa Nova, os acrisolados dotes de coração, a
devoção de Nossa Senhora e a dedicação às coisas da Santa Madre Igreja, que
tornaram essa família reconhecida como das maiores cooperadoras da religião
católica em nossa terra.
Há muitos
anos exercia o cargo de Provedor da Irmandade da Matriz de Morretes, onde a sua
dedicação sem par o colocava sempre na liderança dos movimentos que visavam o
progresso espiritual da nossa gente e das homenagens à excelsa padroeira da
nossa cidade.
Modesto de
recursos financeiros era, porém, rico de fé, tantas vezes demonstrada neste
mundo, onde a dor pela perda do único filho foi contida pelo poder de resignação
à vontade de Deus, só possível aos que crêem e não desesperam ante os
misteriosos desígnios divinos.
Festa do Divino Espírito Santo |
Por isso, Adalberto
Villa Nova, que na intimidade da família e da Irmandade chamávamos Nho Beco,
deixa um nome saudoso aos seus concidadãos e familiares pela sua bondade
inexcedível, pela conduta ilibada e amor ao próximo. E, ainda, um nome
consagrado no seio da Igreja Católica pelos serviços prestados, merecendo de
Sua Excelência Reverendíssima, o Arcebispo Metropolitano, especial referências
na missa vespertina daquele tristonho sábado do mês de agosto, assim como os
agradecimentos de Dom Bernardo, Bispo de Paranaguá, quando da sua primeira
visita oficial a Morretes no dia 28 do mês transato.
Deixou Adalberto Villa Nova à sua esposa,
companheira incansável de jornada pelo bem e pela igreja, essa satisfação que,
em meio a dor de perdê-lo, ganha, para consolo da alma, como um bálsamo
depositado sobre seu coração ferido.
A Paróquia
de Morretes, entristecida, queda pesarosa ante o desaparecimento do prestimoso
irmão, com orações fervorosas para que sua alma descanse em paz no seio do
Senhor.
Publicado no Jornal “O Dia” por M. L. De Bona
Curitiba, setembro de 1963.