Discurso proferido durante a inauguração em Morretes, em 31 de outubro de 1953.
Cumprindo
uma das mais importantes partes do programa dos festejos da data máxima da
nossa terra, eis-nos aqui para inaugurar, com a honrosa presença do Exmo. Sr.
Dr. Bento Munhoz da Rocha Netto, ilustre Governador do Estado, o novo pavilhão
do Hospital e Maternidade de Morretes.
Não
foram os sacrifícios sem conta que a execução desta obra exigiu dos responsáveis
pelos destinos deste hospital, e não teria este ato o significado todo especial
de que se reveste.
Quando
abnegados cidadãos deram início à construção do prédio original, ainda estavam
sob a impressão daqueles que, com espírito derrotista, não acreditavam poder
esta casa manter-se, nem alcançar o índice de aproveitamento à altura das
necessidades do nosso município. Assim foi que pensaram serem suficientes
aquelas duas alas iniciais e o pavilhão da enfermaria. Porém de tal forma
revelou-se a utilidade deste estabelecimento, que em breve passou a abrigar um
número cada vez maior de enfermos, tornando-se pequena a sua enfermaria para os
doentes pobres aqui internados gratuitamente, bem como para os que, possuidores
de recursos, utilizavam os quartos particulares. As parturientes da seção
maternidade, de início retraídas, foram aos poucos se habituando a utilizar os
recursos médicos e a segurança que lhes oferecia esse ambiente.
E
assim é que o nosso Hospital, inaugurado há apenas três anos e meio, logo
sentiu a necessidade de uma ampliação. Os recursos financeiros eram escassos,
entretanto, a administração inteligente e a abnegação de muitos, possibilitou a
construção deste novo pavilhão, onde vamos encontrar um conjunto cirúrgico
montado sob a exigência da técnica moderna, uma sala de laboratório, rouparia,
novas enfermarias, instalações diversas e uma sala reservada para os que
possuem fé e têm a felicidade de se encontrar abrigados sob o manto da
cristandade: é uma sala reservada para uma capela, que mãos de senhoras
bondosas da nossa sociedade brevemente completarão, inspiradas por sentimento
de caridade e religiosidade.
Ao
inaugurarmos esta construção, é justo que se preste homenagem, por demais
merecida, àqueles a quem se deve este grande empreendimento, aos cidadãos que
possuem o dom divino, aqueles que são inspirados pelo ideal de servir. O Sr.
Dr. Pedro Alves Baraúna, como presidente da Associação Mantenedora do Hospital
e Maternidade de Morretes, é um homem que já conquistou a estima e o respeito
dos Morretenses, no exercício de sua nobre profissão e no trato dos assuntos
que dizem respeito ao progresso de nossa terra e à felicidade do nosso povo.
Joaquim Luz de Souza, membro-tesoureiro, tem dispendido boa parte do seu tempo
na tarefa preciosa de cooperar nos trabalhos deste hospital. Antonio José
Gonçalves Filho é o benemérito de sempre, tornando cada vez mais merecida a
placa de bronze que contém o seu nome no pórtico desta casa. Lucília Pires é a enfermeira-chefe
diligente e dedicada, sendo sua mocidade inteiramente dedicada aos enfermos,
fazendo da sua profissão um sacerdócio. O Dr. Alcídio Bortolin, ora em viagem
pelo estrangeiro e aqui representado por seu progenitor, é o profissional
competente, é o médico capaz e o diretor diligente, enérgico e previdente. A
distinção de que foi alvo recentemente, ao receber o diploma de membro do
Colégio Internacional dos Cirurgiões, em congresso realizado em Curitiba neste
ano festivo do centenário do Paraná, foi das mais merecidas e encheram de
justificado júbilo seus amigos de Morretes. Não poderíamos ser mais felizes, no
convite que fizemos três anos atrás, àquele moço que saíra havia pouco dos
bancos acadêmicos. Ele possuía, indiscutivelmente, inato o seu talento e tinha
bem em mente o juramento de Hipócrates:
“Ao exercer a medicina, mostrar-me-ei
sempre fiel aos preceitos da honestidade, da caridade e da ciência. Se eu
cumprir este juramento com fidelidade, goze para sempre a minha vida e a minha
arte de boa reputação entre os homens”.
E
o Dr. Alcídio Bortolin, verdadeiramente, goza dessa boa reputação.
Finalmente
prestamos nossa sincera homenagem ao Exmo. Sr. Dr. Lauro Lopes (aqui
representado pelo Dr. Pedro Baraúna), ilustre representante do nosso estado na
Câmara dos Deputados, cuja atuação, no Rio de Janeiro, tem sido exercida no
sentido de beneficiar o nosso Paraná, e de especial modo as associações de beneficência,
através de verbas que, mercê de seu prestígio, coadjuvado pelos ilustres demais
representantes paranaenses na Câmara Baixa, têm sido incluídas, a favor do
nosso estado, nos orçamentos da União. O nosso hospital e Morretes muito devem
a Lauro Lopes, pelo que, merece o nosso fervoroso agradecimento.
Eram
estas, meus senhores, as palavras que desejávamos pronunciar nesta solenidade,
tradutoras da satisfação que nos vai n’ alma pela conclusão desta obra e pela
passagem, hoje, do aniversário de fundação da nossa estremecida terra.
Fazemos
ardentes votos de que as altas autoridades e visitantes aqui presentes possam
aquilatar o nosso esforço na visita que ora nos fazem, e que continuem a volver
suas vistas para este Hospital e Maternidade, amparando-o moral e
materialmente, servindo de estímulo aos que, trabalhando nesta casa pela saúde
do povo,
querem contribuir para um Brasil mais feliz e mais forte.
Tenho
dito
Discurso de Marcos Luiz De Bona durante a inauguração da Maternidade do Hospital de Morretes Em 31 de outubro de 1953 |