Discurso proferido no dia 31 de outubro de 1949
Com a imponência dos morros altivos,
Que o embate dos anos não vence,
Eia, alerta! Troféus redivivos!
Eia, glórias do lar Morretense.
Ao entrarmos no dia de Morretes, sentimo-nos impulsionados a expandir nossa alegria, rendendo graças a Deus pela felicidade e prosperidade que desfrutamos hoje, resultado dos nobres e elevados sentimentos e capacidade de trabalho, dos seus amorosos filhos e dedicados amigos.
Comemoramos, neste momento, o ducentésimo décimo sexto aniversário do ato dos Oficiais da Câmara da Vila de Paranaguá, demarcando 300 braças de terra em nome de El Rei, no local em que residia o rendeiro João de Almeida.
Lembremos Nossa Senhora do Porto, sob a invocação da qual, por provisão do bispo de São Paulo, em 29 de abril de 1812, nossa terra foi elevada à categoria de freguesia.
Recordemos a data de 1º. de março de 1841 que elevou Morretes a vila, em seguida ao que, pela Lei nº. 188, de 24 de maio de 1869, fomos finalmente elevados à categoria de cidade.
Recordemos a fase áurea de Morretes, a sua contribuição para a Guerra do Paraguai, em que o Batalhão nº. 70, sob as ordens do Tenente Vaz Lobo, pagou com sangue o tributo do seu patriotismo, cumprindo assim os deveres de brasileiros. Volvamos nossas vistas para a opulência de 1880, os inúmeros engenhos de erva-mate, as minas de Penajoia, a vida social e literária, as tertúlias de Fernando Amaro, a presença do Morretense Manoel Alves de Araújo, como ministro do Império, a promoção de Frederico Ferreira de Oliveira, aqui nascido, para almirante da Esquadra Brasileira, o abade Escolástico de Faria, que teve a terra Nhundiaquarense como berço, e foi grande em sua vida de santo e de sábio. O aparecimento de O Povo, em sua campanha republicana, sob a direção do então esperançoso jovem Rocha Pombo, assistido pelo poeta de Sempre Vivas, José Moraes.
Voltemos nossos pensamentos para as lutas pela sobrevivência, logo que a estrada de ferro, por doloroso paradoxo, no afã de estender o progresso para o planalto, tirou da nossa terra a primazia da indústria e do comércio. Morretes decaiu, porém não esmoreceu. Seus filhos trabalharam, modificaram seus meios de subsistência, e eis que, após quarenta anos de pouco ou quase nenhum desenvolvimento trilhamos novamente a senda do progresso.
E o proclame o rumor do trabalho,
Semeador das searas eternas,
Como um cântico sacro do orvalho,
Despertando estas plagas maternas!
Morretes de hoje, não é somente berço de recordações felizes. Morretes de hoje é terra integrada no progresso do Paraná e do Brasil, progresso lento, mas por isso mesmo sólido. Desapareceram os engenhos de erva-mate, está inexplorada a Mina Penajoia, não são utilizados os sambaquis, mas temos a nova indústria do açúcar, a continuação das safras aguardenteiras, possuímos a indústria do papel, do papelão, das pastas mecânicas. Grandes lavouras. Comércio honesto e sólido. Temos vida própria.
No campo educacional um ginásio, além do bem disseminado ensino primário. No terreno da assistência social, somos amparados pelas organizações existentes. No que se refere à saúde, temos modernos Posto de Puericultura e Hospital Maternidade. É fato concreto o próximo calçamento da cidade e novo serviço de força e luz.
Aí está o progresso do momento. Eis como nos encontra o 31 de outubro de 1949. Um motivo de júbilo para todos nós.
A diretoria do Clube 7 de Setembro, nesta magna data, congratula-se com todos os associados e com o povo em geral, e renova seus propósitos de contribuir para o progresso de nossa terra com a conclusão, em meados do próximo ano, da nova sede do clube, empreendimento que está sendo possível graças à contribuição espontânea e animadora, de todo o quadro social.
Que o povo de Morretes, irmanado, sagre de vitória ao acesso, como cantou Silveira Netto, para nossa felicidade.
Tenho dito.