quarta-feira, 23 de março de 2011

SOS Morretes - Parte II

ANIVERSÁRIO DE MORRETES


Ao entrarmos no dia de Morretes, sentimo-nos impulsionados a expandir nossa alegria, rendendo graças a Deus pela felicidade e prosperidade que desfrutamos hoje, resultado dos nobres e elevados sentimentos e capacidade de trabalho dos seus amorosos filhos e dedicados amigos.
Comemoramos, neste momento, o ducentésimo décimo sexto aniversário do ato dos oficiais da Câmara da Vila de Paranaguá (...) Lembremos Nossa Senhora do Porto, sob a invocação da qual, por provisão do bispo de São Paulo, em 29 de abril de 1812, nossa terra foi elevada à categoria de freguesia.
Recordemos a data de 1º. de março de 1841 que elevou Morretes a vila, em seguida ao que, pela Lei nº. 188, de 24 de maio de 1869, fomos finalmente elevados à categoria de cidade.
Recordemos a fase áurea de Morretes, a sua contribuição para a Guerra do Paraguai, em que o Batalhão nº. 70, sob as ordens do Tenente Vaz Lobo, pagou com sangue o tributo do seu patriotismo, cumprindo assim os deveres de brasileiros. Volvamos nossas vistas para a opulência de 1880, os inúmeros engenhos de erva-mate, as minas de Penajóia, a vida social e literária, as tertúlias de Fernando Amaro, a presença do Morretense Manoel Alves de Araújo, como ministro do Império, a promoção de Frederico Ferreira de Oliveira, aqui nascido, para almirante da Esquadra Brasileira, o abade Escolástico de Faria, que teve a terra Nhundiaquarense como berço, e foi grande em sua vida de santo e de sábio. O aparecimento de O Povo, em sua campanha republicana, sob a direção do então esperançoso jovem Rocha Pombo, assistido pelo poeta de Sempre Vivas, José Moraes.
Voltemos nossos pensamentos para as lutas pela sobrevivência, logo que a estrada de ferro, por doloroso paradoxo, no afã de estender o progresso para o planalto, tirou da nossa terra a primazia da indústria e do comércio. Morretes decaiu, porém não esmoreceu. Seus filhos trabalharam, modificaram seus meios de subsistência, e eis que, após quarenta anos de pouco ou quase nenhum desenvolvimento trilhamos novamente a senda do progresso. (...)
Morretes de hoje não é somente berço de recordações felizes. Morretes de hoje é terra integrada no progresso do Paraná e do Brasil, progresso lento, mas por isso mesmo sólido. Desapareceram os engenhos de erva-mate, está inexplorada a mina Penajóia, não são utilizados os sambaquis, mas temos a nova indústria do açúcar, a continuação das safras aguardenteiras, possuímos a indústria do papel, do papelão, das pastas mecânicas. Grandes lavouras. Comércio honesto e sólido. Temos vida própria.
No campo educacional, um ginásio, além do bem disseminado ensino primário. No terreno da assistência social, somos amparados pelas organizações existentes. No que se refere à saúde, temos modernos Posto de Puericultura e Hospital Maternidade. É fato concreto o próximo calçamento da cidade e novo serviço de força e luz.
Aí está o progresso do momento. Eis como nos encontra o 31 de outubro de 1949. Um motivo de júbilo para todos nós.
A diretoria do Clube 7 de Setembro, nesta magna data, congratula-se com todos os associados e com o povo em geral, e renova seus propósitos de contribuir para o progresso de nossa terra, com a conclusão, em meados do próximo ano, da nova sede do clube, empreendimento que está sendo possível graças à contribuição espontânea e animadora, de todo o quadro social. Que o povo de Morretes, irmanado, sagre de vitória ao acesso, como cantou Silveira Netto, para nossa felicidade.

Tenho dito.

* Discurso proferido em 31 de outubro de 1949, p.49 do livro Tenho dito; Morretes e Morretenses nos discursos de Marcos Luiz De Bona

quarta-feira, 16 de março de 2011

SOS Morretes

Nasci e passei a minha infância em Morretes. Subi em árvores, apanhei muita goiaba, carambola, jabuticaba e outras frutas que tinha no quintal da minha casa. Brinquei com minhas amigas, inclusive nos dias de enchente quando nos deliciávamos com a água da chuva. Aliás, não sabia nem o significado de calamidade pública! Tomei banho no rio Nhundiaquara, de águas cristalinas, romântico, belo e repetidamente cantado em prosa e verso, admirado, fotografado e reproduzido em telas tanto por turistas como por morretenses que não cansam de admirá-lo.

Rio Nhundiaquara
Foi com imensa tristeza que o vimos agora furioso, destruidor, assustador com suas águas barrentas, castigando tantos moradores da nossa cidade que ficaram sem casa, móveis, sem comida, água potável, sem roupa, sem vintém!!!

...depois da enchente

Ponte velha

...depois
 
Restaurantes

...depois

Ponte da igreja

...depois

Rio Marumbi

Restaurante Lubam invadido pelo Rio Marumbi

É muito grande o número de desabrigados, difícil calcular os prejuízos que atingiram agricultores, comerciantes, empresários, imensa a tragédia, e pequenos os recursos para a recuperação da cidade. Por isso não podemos medir esforços para ver Morretes brilhando novamente e morretenses felizes podendo recitar os versos de Gonçalves Dias:

Minha terra tem palmeiras
Onde canta o sabiá (...)


Nosso céu tem mais estrelas,
Nossas várzeas têm mais flores (...)


Complexo Marumbi

quarta-feira, 2 de março de 2011

Carnaval


O carnaval está chegando. Lamentável que não seja mais como antigamente, quando o que realmente importava era alegria e diversão! Nos salões os ingredientes da folia eram confetes, serpentinas e até – pasmem os jovens – lança perfume! As músicas e letras das marchinhas de muita criatividade animavam a todos, ninguém ficava parado! As fantasias eram simples, sem luxo – não havia concurso para eleger a mais original, a mais luxuosa...

Era comum os rapazes colocarem na cabeça um quepe branco e completar o “traje” com um colar de havaiana. Havia também os piratas, palhaços, índios e pierrôs. Já as garotas se divertiam de colombina, cigana, havaiana, bailarina e outras estilizadas.

Num tempo mais antigo, por volta de 1920, surgiu o “corso carnavalesco” que teve origem na tentativa de reproduzir as batalhas de flores dos carnavais europeus, mais sofisticados, como em Nice cidade do sul da França.

O corso consistia no desfile de automóveis enfeitados, com a capota arriada, repletos de foliões fantasiados, que percorriam as principais ruas da cidade, cantando, lançando confetes e serpentinas uns nos outros e também nos espectadores. Não era uma diversão barata, pois o carro era imprescindível e quem não possuísse um teria que alugar para os dias de carnaval. Os corsos carnavalescos aconteceram durante uns 20 anos – aproximadamente de 1920 a 1940 e Morretes acompanhou a moda. Na foto abaixo Pierrôs e Colombinas participam de um corso no carnaval de 1934. Num Ford sem capota, aparecem Olguinha e Marquinhos De Bona – ela sentada no paralama e ele ao volante, Esmeralda e Bortolo Scucatto, Miloca Bittencourt e outros que na dúvida não vou nomear. (Se alguém reconhecer outros foliões favor me avisar!).
   

Com o passar dos anos os carros tiveram seus designers modificados, as ruas ganharam outra dinâmica e por volta de 1960 os desfiles das escolas de samba e os bailes foram ganhando espaço. O corso ficou  na memória dos que viveram naquela época e nas fotos como estas. Há contudo um movimento de pessoas com o intuito de reativar o corso carnavalesco.



Corso carnavalesco pelo Brasil