quarta-feira, 4 de julho de 2012

A Festa de São João em Morretes

Num papo agradável com o morretense e primo Nazir tomei conhecimento da festa de São João, que se realiza no sítio Ponte Alta, em Morretes. Ocorre anualmente na véspera do dia 24, dia do "Santo Festeiro".


A FESTA DE SÃO JOÃO EM MORRETES

       Foi dos portugueses que recebemos a tradição de festejar São João. A festa, de caráter universal, assumiu nas terras brasileiras, aspectos nitidamente locais, embora no tocante às adivinhações que a noite propicia, persistam elas tal qual foram introduzidas.

       Em nossa Morretes, a  menos de oito quilômetros do centro da  cidade, encontra-se a localidade de Ponte Alta. O lugar é aprazível, embora o terreno seja bastante acidentado. As habitações situam-se no topo de pequenas elevações cortadas por regatos. A dois passos de um dos regatos encontra-se a igrejinha, antes de madeira, agora de alvenaria, graças aos esforços dos devotos, e junto a ela, instalações que permitem uma maior comodidade para os participantes da festa que, em todos os anos ali se realizam em louvor a São João.

       A festa de São João na Ponte Alta, que se reveste das características locais a que nos referimos acima, processa-se do seguinte modo: precedida de novenas que vão do dia 14 até o dia 22 de junho, a festa realiza-se no dia 23. Inicia-se por volta das 20 horas. Um dos administradores da Igreja acende uma grande fogueira e constrói uma barraquinha para a venda da bebida chamada quentão juntamente com outros alimentos tipicamente juninos como cará, melado, pinhão etc. Um mastro de mais ou menos seis metros de altura é erguido, todo enfeitado de flores, no cimo do qual é colocado o retrato de São João. O ponto culminante da cerimônia religiosa é a saída da procissão com a imagem do Santo, levada em um andor e que se realiza à meia-noite. Até essa hora reza-se o terço na capela e faz-se o leilão de prendas sob o espocar de fogos de artifício. A trajetória da procissão vai da capela até um dos inúmeros regatos existentes no lugar. Os fiéis, além do andor com a imagem do Santo, levam também velas acesas e uma pequena bacia esmaltada. No lugar já convencionado para a cerimônia, enche-se a pequena bacia com água da fonte. Um dos fiéis tira a imagem do andor, coloca-a por cima da bacia e faz, por várias vezes, um movimento em forma de cruz enquanto vai rezando. Outros, que seguiram a procissão munidos de caneca ou outra vasilha, enchem-na com água da bacia e tomam-na, pois acreditam no seu poder curativo. Outros umedecem com ela as partes do corpo que estejam, chagadas ou doentes. A operação de encher a bacia e benzer a água é repetida até que todos os que desejem sirvam-se dela. Em seguida a procissão retorna à capela, onde mais algumas cerimônias são realizadas. Encerrada a parte religiosa tem início um baile que só termina ao amanhecer. Depois de extinta a fogueira, o carvão que sobra é recolhido, pois há a crença de que em casa, aquele carvão não só é uma garantia de fartura como também tem a virtude de acalmar tormentas.

Texto extraido do trabalho da disciplina Cultura Brasileira, do Profº José Nazir Dayer, na época aluno do curso Letras Neo Latinas.

3 comentários:

  1. Parabéns por tão rica postagem... é bom saber estes detalhes, só aumenta noss sabedoria.

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  2. Ligia
    Se vc for e tiver uma vaga tô dentro. Eu adoro esse tipo de festa me faz lembrar de Guaratuba....... quando ia a família inteira. Uma beleza.
    Jucil

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  3. Lígia:
    Parabéns. A apresentação no teu blog ficou ótima. Acho que nós dois formamos uma boa parceria literária. Gostei da expressão primo que você usou referindo-se a mim. Fique descansada com relação a postá-la.Tem acento.

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