Da velha Itália, para ajudar a fazer a grandeza do
Brasil, vieram os seis irmãos Malucelli, no ano de 1876. Radicando-se em
Morretes, Marcos, Batista, Lourenço, João, Antonio e Domingos não foram meros
expectadores das lutas pela sobrevivência das famílias estrangeiras, que
desembarcaram julgando ser este país a Terra da Promissão. Eles sentiram, como
os outros, a desproteção do governo, a dureza da terra, a adversidade do clima.
Uma dádiva, porém, trouxeram do além-mar: o amor
pelo trabalho, que foi a razão de ser de suas vidas.
A família foi se tornando numerosa; os seis irmãos,
filhos do tronco João-Margarida, foram se tornando, por sua vez, chefes de
outras tanta grandes famílias, constituídas em sua maior parte de filhos de
homens que, hoje, já na terceira geração, no Brasil, expandem o nome Malucelli
como padrão de honra.
A família, no início, teve um chefe na figura
patriarcal do velho Marcos. A sua atuação foi enérgica e serena, na condução
daqueles que aos poucos, com trabalho continuado, deixando cair seu suor na
terra dadivosa, levantaram o patrimônio extraordinário dos dias atuais.
Humberto Malucelli |
Marcos Malucelli, que é hoje nome de rua em Morretes,
faleceu no ano de 1929. Desde então a empresa, por sua organização, não mais
requereu a existência de um chefe que fosse ao mesmo tempo chefe da família. Todavia,
vários homens do clã destacaram-se pelos negócios e equilíbrio de conduta,
merecendo situações de comando.
Há pouco faleceu Humberto Malucelli. Filho do subtronco
João-Maria.
O seu desaparecimento causou dolorosa impressão no seio da família, onde sua
voz, ponderada e sensata, era sempre acatada. A bondade era o traço
predominante do seu caráter. O seu trabalho, desde os duros tempos da lavoura
até os atuais, onde exerceu cargos de direção nas indústrias e funções públicas
de alta relevância, inclusive a de Diretor de Departamento e Deputado Estadual,
foi sempre no sentido do bem comum, sempre preocupado com a boa administração,
com a assistência social e com o prestigiamento de toda e qualquer iniciativa
de cunho coletivo.
Sua educação possibilitava o trato lhano e bondoso
com todas as pessoas que dele se aproximavam; o seu grande coração fazia-o O Chefe
de Família amorosíssimo, de todos conhecido, junto de sua veneranda mãe, de sua
virtuosa esposa, prendadas filhas e queridos netos.
Mas, para nós outros, das relações de amizade do
saudoso Humberto, o vocábulo mais inesquecível será o de Amigo, porque junto
dele este termo não era formal. Esta palavra encerrava afeição. A dedicação e a
estima a que se evidenciava tanto nas horas alegres como nas amargas, dos que
com ele conviviam.
A nossa saudade será grande, porém, amenizada pela
nossa certeza de que a memória de Humberto Malucelli será sempre reverenciada
entre seus familiares, seus amigos e entre todos aqueles que se espelharem no
belo exemplo de sua vida.
Publicado
no “Correio do Paraná”
Curitiba,
março de 1963.
Querida prima, muito interessante, gostei de saber a história da família Malucelli, vieram para o Brasil,a vida foi muito difícil, com muito trabalho e união conseguiram, sobreviver e construir uma maravilhosa
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