quarta-feira, 11 de maio de 2016

Dia da vitória

Discurso pronunciado em comemoração ao
final da Segunda Guerra Mundial,
em 8 de maio de 1945

Morretenses!
O Dia da Vitória chegou! A emoção é grande! O contentamento indescritível! Traduzir em palavras o que sentimos é impossível. Tentaremos, pois, apenas nos aproximar do grau de sentimento de cada brasileiro, de cada cidadão das Nações Unidas no dia de hoje.
O dia 8 de maio ficará na História como o Grande Dia. Ele encerrou um período negro da humanidade, período de quase seis anos, longos e terríveis! Será uma data jubilosa pela integral Vitória da causa da liberdade e da justiça. Será uma data da saudade, pela memória daqueles que tombaram no cumprimento do dever.
Morretes não quis e não poderia mesmo fugir ao imperativo de sua força cívica e patriótica. Por isso não se reúne o nosso povo para odiar. Não se reúne para desejar mal àqueles que o praticaram. Reúne-se, sim, para se abraçar com os salvadores da humanidade, para esquecer as loucuras e as ambições que levaram o mundo a esta guerra. Reúne-se, enfim, para desejar a Paz feliz e longa, a Paz construtiva, a Paz que acenda uma nova aurora para a humanidade.
Morretes já se manifestou, em agosto de 1942, realizando o enterro simbólico dos ditadores nazi-facistas, em desagravo das ofensas recebidas com o afundamento dos nossos navios que viajavam pacificamente em águas nacionais. Naquele dia explodiu em nosso povo o incontido sentimento de revolta pelas duzentas e oitenta inocentes vítimas do torpedeamento do Baependi. Pelos cento e quarenta e três náufragos do Anibal Benévolo. Pelos cento e trinta brasileiros, entre tripulantes, mulheres e crianças, que morreram no traiçoeiro golpe lançado contra o barco Araraquara.
Naquele dia, sim, desejamos a guerra, desejamos enfrentar todos os horrores dessa coisa terrível que é destruir e matar, que é sacrificar milhões de criaturas, que é sangue, suor, pranto, miséria, sofrimentos infinitos, angústias intraduzíveis.
E o nosso governo soube interpretar o sentimento e os desejos do povo. Enviando para a Itália a heróica Força Expedicionária Brasileira, preservou a honra nacional, colocando o Brasil em lugar de destaque entre as Nações Unidas, portanto, elevando o nosso prestígio no mundo civilizado e assegurando-nos uma atuação importante na Conferência da Paz.
Morretes também atendeu prontamente ao chamado da Pátria. Filhos da nossa querida terra também foram de arma em punho, em defesa da grande causa enfrentar os rigores da luta e do clima na Península Itálica. Esses heróis que em breve regressarão aos seus lares, merecem imensa gratidão e são dignos de figurar entre os que contribuíram de forma decisiva para a Vitória que hoje comemoramos.
Afonso Bridarolli, Avelino Cordeiro, Batista Vieira, Benigno Pinto Filho, Braz Ribeiro, Casemiro Inácio Mazur, Douglas Negrão, Edgar Pereira, Ernesto de Oliveira (Catarina), Eurides da Cruz, Francisco Ribeiro, Humberto Brites, Hurbano Ribeiro Filho, Jofre Moris da Costa, Laudemiro Ribeiro, Laudinor Bornancim, Laudinor Gonçalves, Olavo Francisco Rebello, Pedro Costa, Pedro Scucato, Pedro Trevisan, Santino Martins, Teodoro Romão de Paula, Tomaz Nunes e Turíbio Assunção são os Morretenses integrantes da Força Expedicionária Brasileira que, com a graça de Deus, breve receberemos em nosso torrão, e a eles saberemos tributar as homenagens cujos direitos com suor e sangue conquistaram.
Mães Morretenses! Fazemos uma pálida idéia do vosso júbilo, da emoção que vos vai à alma, das lágrimas que brotaram em vossos olhos, ao recebimento das primeiras notícias da cessação da luta. Como que as vemos em orações, rogando à Virgem pela volta dos seus entes queridos, quando ainda era incerto seu regresso. Como que as vemos hoje, ainda orando, em orações fervorosas de graças pelo advento da Paz, da concórdia, da solidariedade humana, voltando tudo a possuir a beleza dos dias claros, de trabalho e harmonia, e a das noites calmas sob a constelação do Cruzeiro do Sul.
Brasileiros!
Atentai bem para o momento histórico que vivemos. Atentai bem para a transição que se opera no mundo. Esse momento deverá ficar para sempre gravado em vossa memória. Vossos filhos pedirão detalhes destes instantes, quando a história tiver desvendado todos os mistérios, antecedentes, causas, homens, e coisas desta Segunda Grande Guerra Mundial e a primeira em que o Brasil participa ativamente no continente europeu, enviando forças regulares. Portanto, não olvideis a emoção que agita o mundo, porque é o início de uma nova era, a era da liberdade e da justiça. Pela grande alegria que nos empolga, pela grandeza do Brasil, pela felicidade dos seus filhos.,

VIVA O BRASIL!

Pedroca Scucatto

Pedro Trevisan

4 comentários:

  1. Ligia, querida
    Seu pai viveu além, muito além de seu tempo, e você felizmente, tem a consciência disso.
    Família não pode existir se não conhecer seu membros e o valor de cada um.
    Beijo
    Nancy

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  2. Obrigada Nancy - é verdade meu pai foi um homem excepcional, todos os dias agradeço a Deus por ele e minha mãe, que hoje estaria com 101 anos.

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  3. Morretes sempre um passo à frente.

    Até parece as nossas autoridades de hoje que sequer o dia da cidade comemoram.

    Abraços.

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