quarta-feira, 26 de julho de 2017

A chácara do Padre Linhares por Octavio Secundino




Morretes, a cidade sossego e amor, de tranquilidade e inspirações, cercadas de imponentes e altivos morros e de valados pitorescos e originais, na formação de uma especial posição geográfica, é historia na vida de nosso Estado, que contempla o passar dos tempos de uma época que já vai longe quando foi empório do comércio do Paraná e teve muitas primazias, alteou ao apogeu dos tempos de outrora, social e na vida do trabalho; dos salões de luminárias e candelabros em vetustos sobrados e amplos solares de janela e portas ogivais, adornadas de redondas cortinas e adamascados reposteiros balançando suas borlas douradas ao perpassar dos rodados vestidos das damas e do agitar das luvas dos cavalheiros de estreitas calças e jaquetão de gola e veludo e seda.
Morretes sonha... Morretes foi majestade!...
Naquela poética terra de Rocha Pombo – maior entre os maiores – naquele sedutor recanto onde desliza o Nhundiaquara beijando as margens o lírio em flor, em cujas águas refletem o anil do céu, terra onde também nasceu meu pai, ninho abençoado que foi “cirandinha da minha infância”, existia, ou talvez ainda exista hoje, quem sabe em ruínas, não a distancia do centro urbano, cheio de atrativo, um encantador sítio, aspecto senhorial, a suave sombra de frondosas arvores frutíferas, uma espaçosa vivenda construída com arte açoriana: A Chácara do Padre Linhares de telhado beirado emoldurado com bom gosto arquitetônico.
Era proprietário deste lugar de descanso o bem quisto e popularíssimo sacerdote paranaense, Padre Linhares – Cônego José Jacinto de Linhares.  
Escassos são os dados biográficos que possuo do Padre Linhares, sabendo-o natural da cidade de Antonina e que durante algumas dezenas de anos foi vigário da Paróquia de Nossa Senhora do Porto.
Foi também político exercendo funções públicas tais como Juiz de Paz, Inspetor Escolar, Superintendente de Ensino e Deputado ao Congresso Legislativo do Estado.


 Por se tratar de longa publicação continuaremos na próxima semana.

Publicado no Jornal do Rio em abril de 1951

quarta-feira, 19 de julho de 2017

Luz para Morretes

O Paraná tem alguns aspectos paradoxais. Morretes por exemplo, é a antítese de Umuarama. Este novo município com apenas 4 anos de idade, tem 80.000 pessoas, 6.000 eleitores e cresce de uma forma espantosa. Morretes tem séculos e todos os dias morre um pouco de sua esperança de tornar-se uma comuna que não viva, apenas, do passado e de sua tradição.
Morretes, porem, vai ter luz elétrica fornecida de forma como jamais pensou ter, ou seja, graças ao sistema hidroelétrico que passara a constituir-se num fator novo para o atendimento do desejo dos morretenses que pretendem um pouco mais de progresso.
Trata-se de uma das primeiras obras do governo Ney Braga, ou melhor dizendo de uma etapa de trabalho que se concluíra em outubro, quando não só Morretes, como todo o litoral do Paraná vai ficar livre do sistema de fornecimento da energia elétrica por meio dos geradores diesel tão arcaicos quanto obsoletos, anacrônicos e onerosos.
O velho município de Morretes vai assistir hoje a este acontecimento que espantará um pouco a modorra de sua vida pacata, ou seja, a inauguração pelo governador do Estado da extensão da linha de transmissão da Usina do Marumby que lhe proporcionará energia proveniente do aproveitamento hidroelétrico. Em poucos meses de administração foi possível este fato, que é um episódio novo na história velha de um antigo município esquecido do litoral paranaense.


Publicado em 1961 em um jornal da capital.  

Da coleção de recortes de jornais de MLB