Por M.L.De Bona
De Bona conta como surgiu a ideia da pintura das telas dos milagres.
As duas telas a óleo que se encontram na Igreja Matriz (infelizmente em lugar de pouco destaque) de autoria do meu irmão Th. De Bona, representam o cumprimento de uma promessa feita ainda quando o pintor cursava a Real Academia de Veneza, Itália.
Recebida a graça, teve pressa o
artista, tão logo regressou da Península, em cumprir a promessa que era feita
ao mesmo tempo pelos nossos demais irmãos Santos, Antônio, Tereza e Maria.
O projeto da pintura inicial era um
lindo fundo de altar, o que se tivesse sido concretizado seria uma obra de
inestimável valor artístico para Morretes. Infelizmente havia sido doado
recentemente o novo altar pelo Dr. Marcelino Nogueira e este era muito alto
- requeria cortá-lo, o que não foi
encorajado pelos responsáveis de então. Seria um trabalho idêntico ao que o
artista tinha feito para o altar de Santo Antônio, da Igreja de Longarone,
Beluno, berço de nossos pais.
Surgiu então a ideia de pintar duas
telas, uma para cada lado do interior da Igreja (nave), representando dois
milagres da Virgem. Assim é que foi realizada a primeira composição que fixa o
instante em que o Sr.Júlio Vila Nova e seus filhos Levito e Itália elevaram
suas preces e foram salvos da fúria do mar após a tempestade ter partido ao
meio o mastro de sua frágil embarcação, quando iam a festa de N.S. do Rocio em
Paranaguá.
O segundo quadro mostra o momento angustioso em que tendo orado a
N.S. do Porto, o Sr. Bepim Malucelli e seus primos, foram, não se sabe como,
impulsionados para outro abrigo, caindo segundos após, fulminante raio sobre a
bananeira que lhes servia de primitivo amparo, de um avassalador furacão.
No dia da entrega desses louvores
artísticos, o Sr. Clemente Consentino de saudosa memória, fez o agradecimento
em nome da Irmandade. Nesse mesmo dia o famoso escultor João Turim, nosso
conterrâneo, ofertou uma Mater Dolorosa, baixo relevo que é um primor de arte e
de expressão.
Foi assim que a Igreja Matriz de
Morretes recebeu essas obras a que se deve dar o maior valor, por serem
originais dos autores e não simples litografias ou cópias, como se vê comumente
nos Templos.
Publicado no Semanário Nhundiaquara, nº12, em 22 de dezembro de 1954
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