Jeanine, Antônio e Julio Querido avô e padrinho Antoninho
Vô, certo dia um padre perguntou ao seu amigo:
-Qual é o maior dom que Deus nos deu?
O amigo então respondeu:
- O andar, o falar, se movimentar?
E o padre respondeu:
-A memória!! Você pode não falar, não andar, etc.. Mas na memória, podemos guardar todas as riquezas da nossa vida.
Vô, é por isso que agradeço a Deus por este dom. Poder guardar nossos momentos por mais simples que sejam.
As minhas lembranças me levam à infância, recordando com carinho o seu jeito de ao encontrar seus netos. Substituía um beijo por um aperto nas bochechas nos chamando de “cachorrinho”, expressando o seu imenso amor.
Dos almoços aos domingos, aonde a família se reunia e que cada um tinha uma tarefa. Matar e cozinhar a galinha, maionese batida à mão, o macarrão saindo do cilindro e você supervisionando tudo, para que a mesa sempre estivesse farta de alimentos e alegria de todos reunidos.
Gostava de jogar baralho com os amigos no paiol atrás da casa, mas a festa mesmo era nos intervalos. Com uma churrasqueira de tambor assava carne, ostras, etc.. Servindo a todos acompanhada com a pinguinha de Morretes.
A vó Adélia contava que quando estavam em Morretes você saía cedo para comprar o pão e só retornava na hora do almoço e sem o pão, pois parava em cada esquina e encontrava os parentes e amigos, e a risada rolava solta pela saudade, e assim colocavam o assunto em dia.
Ah! Como era gostoso de se ouvir!
Com o seu jipe azul carregava seus netos aos domingos ao passeio público. Enquanto brincávamos você sentado no banco com seu chapéu não tirava os olhos de nós.
Vô, tenho muitas saudades! Mas o que me orgulho de saber é que carrego sua semente que germinou o Saulo e a Thaís, pessoas especiais como você.
Todos nós somos seu maior tesouro, porque você também é o nosso.
Te amo, Karin.
Vô Antoninho,
Como escrever no diminutivo o meu herói?
Um homem de coração grande, consolador, generoso, vibrante, que fazia tremer tudo em volta, apaixonado pela vida, família, amigos, boa comida e bebida, um baralhinho,...meu avô, meu herói!
Aquele que eu via grande, invencível, que nos levava para lugares indescritíveis, de sonho, como domingos de sol e bichos no Passeio Público, todos os netos viajando na sua “nave” Jipe azul, sacolejando naquelas ruas de macadame, cheios de alegria, pipoca, gritos e correria pra todo lado, e ele atrás de nós arrancando os cabelos e aos berros de “catcharentos!!” (sei lá o que quer dizer!), e outras expressões impronunciáveis carregadas de algo parecido com italiano, até a hora que usava seus super poderes para arrebanhar todos, e levar-nos de volta, sãos, salvos e felizes.
Coisas guardadas na cápsula do tempo chamada coração, fortes, intensas, como o carinho daquelas mãos grandes e brutas, cabelos cheios dos caracóis cor de prata, olhos de um azul sem igual, que não existe nem na paleta de pintura do tio Theodoro, e ainda sinto o seu cheiro, seu calor, o arranhar da barba por fazer, os ecos daquele jeito alto, cheio de simplicidade e carinho de falar.
Lembranças e marcas que ele deixou, coisas do meu avô, que cheio de orgulho e carinho carrego comigo.
Julio….Perdi meu avô, vô Antoninho, como era chamado lá em casa pela minha mãe, quando tinha 4 anos de idade (pelo menos me lembro tendo esta idade).
As poucas lembranças que tenho de meu avô são de carinho, alegria e energia!
Me lembro chegando nos fundos da casa dos meus avós, local que adorava, com aqueles degraus vermelhos que levavam para a cozinha e de onde minha vó descia para nos saudar.
O vô geralmente estava lá fora e vinha cheio de alegria, apertava minhas bochechas e dizia: “Cadê o cachorreto do vô!”
Depois disto me lembro das histórias que minha mãe contava: todas muito engraçadas, e podia criar imagens de meu avô em minha mente -- Ele se descabelando quando estava nervoso e xingando em italiano! Ele indo buscar coisas na horta dos fundos da casa para minha vó várias vezes enquanto minha vó cozinhava e pedia uma coisa por vez; “Antoninho, vá pegar uma cebolinha!”…”Antoninho, vá pegar salsinha”, etc… E como ele ficava arrancando os cabelos e dizendo para ela pedir TUDO DE UMA VEZ!
Lembro também das histórias sobre o vô colocar as crianças (Jeanine e Júlio) no trem, com este andando, para levá-los passear no Passeio Público, ou quando iam de jipe e as crianças ficavam brigando por tudo, algodão doce, pipoca e ele novamente “ficava arrancado os cabelos”!
Tenho tudo isto na memória e também as histórias emotivas de minha mãe, que contava como se sentiu amparada pelo meu avô, como se fosse uma filha, pois era órfa, nunca conheceu seu pai e tinha apenas 17 anos quando se casou com meu pai, Arnaldo, primogenito do vô Antoninho e vó Adélia.
Bem, é isto que me lembro, e é esta a impressão que guardo na memória: Um homem simples, de grande coração, que amava MUITO a família!....
Claudine Maria De Bona
Vejam também o filme de Antoninho reunido com sua família: