quarta-feira, 28 de março de 2012

Theodoro De Bona **





Professoras Iracema e Gioconda, Senhor Secretário Flávio Arns, demais autoridades presentes:

Muitos poderiam se perguntar da pertinência de uma homenagem ao grande pintor paranaense THEODORO DE BONA em um Curso de Atualização em Processos Administrativos Disciplinares da Secretaria de Educação.

A homenagem foi uma sugestão de nosso Diretor Geral, Professor Jorge Wekerlin, quando soube que a Assessoria Jurídica realizaria o evento aqui no Salão Nobre do Colégio Estadual do Paraná. Para ele, como todo ex-aluno do Colégio – como eu também orgulhosamente sou – à primeira menção do Colégio Estadual e seu Salão Nobre imediatamente vem à mente a riqueza pictórica que guarnece suas paredes, e, em primeiro lugar, as telas de Bona, a Fundação de Curitiba e a Terra Prometida.

Fundação de Curitiba - 1947
Cacique Tindiquera escolhe local de fundação de Curitiba

Este Colégio, carregado de História da Educação do Paraná, não pode ser visitado por nós, sem que façamos nossa homenagem a um dos que fizeram de nossa terra o que ela é hoje; assim como este Colégio Estadual que ajudou a nos transformar naquilo que hoje somos.
Pois no fundo, Senhor Secretário, Senhor Diretor Geral, Diretora Laureci, minhas caríssimas Iracema e Gioconda de Bona, que nos deram o prazer de partilhar este momento de lembrança e homenagem: ambos, Theodoro de Bona e o Colégio Estadual nos educaram e através deles o Paraná veio a ser o que hoje é.
E nós, da Assessoria Jurídica, e particularmente neste evento, não devemos nos esquecer que a função primordial, a razão de ser da Secretaria de Educação, e isso inclui a nós, que lidamos com o Direito, e não estamos envolvidos diretamente com a educação, é o imperativo moral de dar educação a nossas crianças e jovens. Refiro-me ao imperativo moral e não à função legal – quero salientar hoje, aqui, não o nosso dever para com as funções administrativas que nos são cometidas e sim lembrar que tais funções subordinam-se ao objetivo central da Secretaria de Educação, que é o de propiciar Educação a nossos jovens e adolescentes.
E nada é mais pertinente do que nos lembrarmos, neste momento, do significado de THEODORO DE BONA nas artes e cultura do Paraná.


O Pintor em seu ateliê
Ele será, sempre, uma dupla fonte de inspiração a todos nós e particularmente os que lidamos com a Educação.
Inspira-nos a trajetória de sua vida: filho de uma família de humildes operários italianos, que aqui aportaram, em Morretes, em busca de uma nova vida – seu pai, então com vinte anos, e seu tio trabalharam na construção da Ferrovia Curitiba – Paranaguá -, por força de estudo e trabalho árduo desenvolveu seu talento artístico, tendo percorrido uma trajetória profissional vitoriosa na Europa e no Brasil.
Conta-nos ele que tendo um quadro seu escolhido para a Bienal de Veneza, teve que emprestar um par de sapatos, pois os que ele possuía estavam rotos; e com estes sapatos emprestados ele foi apresentado ao Rei da Itália; isto em 1930. Dizia ele que “a arte é uma amante que não perdoa, sendo assim, é necessário estar sempre ao lado dela e com ela”. (1)
Ora, e não é este o espírito que inspira a todos que ambicionam viver com plenitude a sua vida?
Para nós, entretanto, inspirador é o fato que este homem de origem humilde, com seu trabalho, deu um rosto a uma terra que na ocasião laboriosamente estava construindo sua identidade, uma identidade que o escritor e crítico literário WILSON MARTINS em um livro célebre chamou de Um Brasil Diferente (2).
Se o Paraná tem um rosto, este foi desenhado, pintado e esculpido pelo trabalho de seu pai, minhas caras Gioconda e Iracema, juntamente com ANDERSEN, LANGE DE MORRETES, NÍSIO, TURIN, TRAPLE, FREYESLEBEN e outros.
Nunca se falará com a necessária ênfase da importância daqueles que, como seu pai, nos anos vinte do século passado, viveram e sonharam uma nova vida e uma nova terra. E nos fizeram ver o que estava a nossa frente e não víamos.
E quando todos nós tivermos partido, e nossos nomes esquecidos, aqueles quadros que ele pintou nos lembrarão do que um dia fomos, e o que perdemos, e do que um dia talvez venhamos a ser; pois no fundo é disso que se trata: da identidade, de ser o que somos, como indivíduos e como coletividade.
Aqui, neste Colégio tão amado por nós, e nesta sala, estão dois símbolos que bem retratam esta expectativa:
Na Fundação de Curitiba, ali, no alto, e na Terra Prometida, aqui, à minha esquerda, DE BONA nos lembra de dois momentos inaugurais – momentos em que ocorre um milagre, o milagre da Natalidade.
Lá, estão aqueles que atraídos pelo Novo Mundo, virão a construir uma cidade e um Estado.
Eles nunca saberão, mas nós sabemos hoje; em meio aqueles pinheirais, brancos e índios - e outros que vierem no futuro, italianos, alemães, japoneses, poloneses, ucranianos -, construirão casas e ruas e erguerão uma cidade. O artista retratou-os em um momento de Comunhão; eles dividirão o pão da terra, o pinhão. Para Theodoro de Bona, neste momento mítico nasce a cidade – não com o pelourinho, ou a escritura pública, ou o pergaminho dado por El-Rei – a cidade nasce com o encontro fraterno de duas raças – a qual se juntarão outras. Esta é a cidade e o Estado que outros artistas chamarão de Terra de Todas as Gentes (3), uma mítica Curitiba a ser eternamente procurada por todos.
E aqui, a Terra Prometida. Ele nos fala de seus avós maternos ao chegarem a Morretes (4). Sua mãe está nos braços de sua avó. O dono da terra aponta o local onde eles se instalarão. Estes pobres contadini nada possuem senão a esperança de uma nova vida. Aguarda-os o trabalho árduo; uma vida dura, difícil, mas eles estão preparados para viver esta nova vida.

Terra prometida - 1930

Um bebê ainda no colo de sua mãe um dia tornar-se-á adulta e ela por sua vez vai parir um homem que se chamará THEODORO.
Nossos jovens e adolescentes quando entram em uma sala de aula, a cada dia estão repetindo este milagre, o da esperança de um novo tempo, uma nova vida, uma nova cidade, uma nova terra prometida.
Cabe a nós não os defraudar.
Cabe a nós alimentar seus sonhos. Cabe a nós reconhecer que em cada uma das nossas crianças está nascendo o futuro, e cabe a nós permitir que surjam os novos THEODOROS DE BONA, os novos pintores da esperança.

Muito obrigado a todos pela atenção.
NOTAS:

(1) “Curitiba , Pequena Montparnasse”, livro autobiográfico de Theodoro de Bona.
(2) “Um Brasil Diferente: Ensaios sobre o Fenômeno da Aculturação no Paraná”, Wilson Martins.
(3)“Terra de Todas as Gentes”, espetáculo de Paulo Vítola e Adherbal Fortes

**Discurso proferido no dia 28 de fevereiro de 2012 pelo Assessor Jurídico da Secretaria de Estado da Educação, Dr. Hatsuo Fukuda, na solenidade de abertura do I Curso de Atualização em Processos Administrativos Disciplinares e Sindicâncias, no Salão Nobre do Colégio Estadual do Paraná, na presença de Gioconda De Moraes e Iracema de Bona Foltran, filhas do artista homenageado.

quarta-feira, 14 de março de 2012

Imigração italiana no Brasil - parte III

Capa - tela de Theodoro De Bona, morretense e descendente de italianos,
que honra sobremaneira os colonizadores vindos da Itália.

Sinaldo Trombini, morretense, também descendente de italianos, publicou em 1982  Giuseppe” e registrou na apresentação do seu livro um preito de respeito e consideração pelos italianos que se fixaram em nossas terras:        
Queremos dentro de nossa humildade prestar nossa homenagem de admiração pelas famílias que conhecemos, algumas delas, quando ainda criança:
Antonucci, Agnelli.
Bonatto, Buzetti, Bertassoni, Brambilla, Buse, Bini, Bavetti, Bozza, Borsato, Bertoli, Brina, Bridarolli, Buzatto, Brandalize, Brustolin.
Consentino, Cavagnari, Cit, Casagrande, Cavagnolli, Callegari, Cherobim, Curcio, Conforto, Cauduro, Coltro, Cagne, Crotti, Cassiglia, Contin, Caron.
Delay, De Bona, Demaria, Dall’Col, Dalcuchi, De Roco, Dall’Stella, Darbello, Dall’Negro.
Fiori, Foltran, Fante, Fioravante, Fabris, Fornarolli, Filipetto, Fumagalli.
Ghignone, Gnatta, Galli, Grossi, Gaio, Giampaolli, Galotti.
Landucci, Lucchetta, Luvizotto.
Manosso, Malucelli, Mori, Meneghetti, Meduna, Mezzadri, Moro, Marenda.
Nogarolli, Orlandi.
Pasinatto, Possiede, Porcides, Pavan, Pasquini, Piloto, Passoni.
Robassa, Raccioppi, Rissato.
Scremin, Simão, Simonatto, Sanson, Scucato, Stival, Smaniotto, Scarpin.
Tullio, Trombini, Tozeto, Turin, Todeschini.
Valério, Vizini, Villanova.
Zilli, Zanatta, Zétola, Zanardi, Ziliotto.
Essa gente ajudou Morretes, o Paraná e o Brasil. Seus filhos estão espalhados e muitos deles no alto comércio, na indústria e nas funções públicas, engrandecendo nosso Estado e nosso Brasil.

quarta-feira, 7 de março de 2012

Imigração italiana no Brasil - parte II


A primeira e maior leva de emigrantes italianos para o Brasil veio da região do Vêneto, no Nordeste da Itália, que passava por enormes dificuldades. Foi notória, porém, a presença de colonos do Centro e Sul da Itália, sobretudo no início do Século XX em São Paulo, nas plantações de café.
Os italianos do Norte emigravam preferencialmente para outros países da Europa. O Brasil e a Argentina foram os únicos países fora da Europa que conseguiram atrair uma migração significativa oriunda do Norte da Itália.
 Os toscanos eram os mais numerosos dentre aqueles oriundos do Centro da Itália. Entre os do Sul, destacavam-se os campânios, seguidos dos calabreses e abruzenhos. De fato, o Brasil recebeu imigrantes de quase todas as regiões da Itália.

A grande corrente migratória
Imigração italiana para o Brasil, segundo as regiões de procedência período 1876/1920.

Vêneto  365.710
Campânia  166.080
Calábria  113.155
Lombardia  105.973
Abruzzi/Molizi  93.020
Toscana  81.056
Emília Romana  59.877
Brasilicata  52.888
Sicília  44.390
Piemonte  40.336
Puglia  34.833
Marche  25.074
Lázio  15.982
Umbria  11.818
Ligúria  9.328
Sardenha  6.113
Total  1.243.633

quinta-feira, 1 de março de 2012

Morretes nublada

Morretes é linda em dia de sol, mas admirem este vídeo e vejam que a cidade não perde o encanto em dia nublado e chuvoso.
Confiram o vídeo do meu primo Eduardo Pioli Alberti.
 Clique no link abaixo: