quarta-feira, 7 de agosto de 2019

De Bona fala sobre as telas "O Raio" e "A Tempestade"

Por M.L.De Bona

De Bona conta como surgiu a ideia da pintura das telas dos milagres.
As duas telas a óleo que se encontram na Igreja Matriz (infelizmente em lugar de pouco destaque) de autoria do meu irmão Th. De Bona, representam o cumprimento de uma promessa feita ainda quando o pintor cursava a Real Academia de Veneza, Itália.  

Recebida a graça, teve pressa o artista, tão logo regressou da Península, em cumprir a promessa que era feita ao mesmo tempo pelos nossos demais irmãos Santos, Antônio, Tereza e Maria.
O projeto da pintura inicial era um lindo fundo de altar, o que se tivesse sido concretizado seria uma obra de inestimável valor artístico para Morretes. Infelizmente havia sido doado recentemente o novo altar pelo Dr. Marcelino Nogueira e este era muito alto -  requeria cortá-lo, o que não foi encorajado pelos responsáveis de então. Seria um trabalho idêntico ao que o artista tinha feito para o altar de Santo Antônio, da Igreja de Longarone, Beluno, berço de nossos pais.
Surgiu então a ideia de pintar duas telas, uma para cada lado do interior da Igreja (nave), representando dois milagres da Virgem. Assim é que foi realizada a primeira composição que fixa o instante em que o Sr.Júlio Vila Nova e seus filhos Levito e Itália elevaram suas preces e foram salvos da fúria do mar após a tempestade ter partido ao meio o mastro de sua frágil embarcação, quando iam a festa de N.S. do Rocio em Paranaguá. 


O segundo quadro mostra o momento angustioso em que tendo orado a N.S. do Porto, o Sr. Bepim Malucelli e seus primos, foram, não se sabe como, impulsionados para outro abrigo, caindo segundos após, fulminante raio sobre a bananeira que lhes servia de primitivo amparo, de um avassalador furacão.

No dia da entrega desses louvores artísticos, o Sr. Clemente Consentino de saudosa memória, fez o agradecimento em nome da Irmandade. Nesse mesmo dia o famoso escultor João Turim, nosso conterrâneo, ofertou uma Mater Dolorosa, baixo relevo que é um primor de arte e de expressão.
Foi assim que a Igreja Matriz de Morretes recebeu essas obras a que se deve dar o maior valor, por serem originais dos autores e não simples litografias ou cópias, como se vê comumente nos Templos.
                                                                                           
 Publicado no  Semanário Nhundiaquara, nº12, em 22 de dezembro de 1954