quarta-feira, 11 de março de 2015

Professora Gabriela de Souza Nogueira, por M.L.De Bona

O centenário de nascimento de uma personalidade de Morretes não passará despercebido, nesta cidade, ciosa que é dos seus vultos ilustres e das suas tradições de cultura.
Comemoram-se neste mês os cem anos da professora de muitas gerações de Morretenses – Gabriela de Souza Nogueira - , a qual acaba de merecer a designação de seu nome em uma das ruas da cidade e terá, ainda, fotografia e placa de bronze no antigo prédio escolar, na  rua Coronel Modesto.
Temos bem presente em nossa memória a figura bondosa e simpática da professora quando, nos idos de 1925, posou para uma fotografia, em grupo, hoje histórica, ao lado de suas colegas  e tendo ao redor a nossa turma de alunos do Grupo Escolar Miguel Scheleder. Dona Gabriela ali está, sentada, em postura muito digna, ao lado da diretora Dona Maria Luiza Burtz Merkle e da professora Dona Anita Gomes Rohn, estas também sentadas. Logo atrás, em pé, as professoras Dona Tereza Madaloso Zilli, Dona Maria da Luz Siqueira e Dona Casta Carmem Gonçalves, e,. ao fundo, aparecendo na janela, a figura popular da velha zeladora Dona Hermínia Pereira.
Dona Gabriela, uma das primeiras normalistas da antiga Escola Normal de Curitiba, ofereceu a sua vida inteira ao sacerdócio do ensino e por isso fez-se merecedora destas homenagens que lhe prepararam dedicadas ex-alunas, diretores do Centro Morretense de Curitiba, autoridades de Morretes, amigos e admiradores.
Filha do capitão Francisco Antônio da Costa Nogueira e de Dona Adelaide Constança de Souza, Gabriela Nogueira estava destinada ao exercício do magistério, por ligações muito íntimas com figuras da história do ensino no Paraná. Sua tia Dona Geraldina do Pilar e Souza foi a primeira professora com exercício legal, em Morretes, pois para efetivá-la , movimentou-se a Câmara  da então Vila, sob a presidência do Coronel Modesto Gonçalves Cordeiro para, em sessão de 20 de abril de 1846, designar banca para examiná-la, composta dos cidadãos  Francisco da Silva Neves e Antonio José de Araújo, este, mais tarde, Comendador do Império.
Rita Ana de Cássia, tia-avó de Dona Gabriela, foi professora por concurso realizado em Curitiba, sob a presidência do magistrado paulista. Por outro lado, uma sua parenta, Dona Júlia de Souza Wanderley Petriich, foi educadora no Estado, merecendo ereção de busto em praça pública na capital.
As homenagens que os Morretenses, com carinho e saudade, prestam à querida mestra, tem essa virtude esplêndida de perpetuar a memória de pessoas que, pelos belos exemplos de suas vidas, fizeram do seu procedimento uma regra de procedimento universal.

Professora Gabriela de Souza Nogueira

 Publicado na Gazeta do Povo
Curitiba, dezembro de 1962.

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