quarta-feira, 2 de agosto de 2017

A Chácara do Padre Linhares - Parte dois


Teve em Morretes um excelente Colégio, que ministrou instruções a várias gerações e era o entusiasta organizador de animadas, alegres e recordativas festas da Padroeira de Nossa Senhora do Porto, de São Benedito, do Bom Jesus do Cari, das memoráveis festa do Bom Jesus do Cardoso, de São Sebastião do Porto de Cima, de São Pedro do Anhaia e das do Divino Espírito Santo e Santíssima Trindade, com alegres cortejos, organizados por mocinhas e rapazes, que, com salvas para óbulos percorriam a cidade, de casa em casa, precedidos de banda de música do maestro Manoel Adriano de Freitas, Henrique Dias, João Adolfo, Nôno e outros musicistas de então, e que as donas de casa recebiam a divina visita das Bandeiras, com os “Pombinhos Santos” oferecendo mesadas de doces e n’algumas das quais, a juventude aproveitava  dançando ao som da música, macias valsas ou do “corropio”, polkas, shotis, mazurcas, etc.


Ah! Bom tempo! Tempo que não volta mais... e quanta saudade!...
A “Chácara do Padre Linhares”, que dispunha de todas as comodidades, era um dos pontos preferidos para passeio e distração das visitas e da alta sociedade morretense.
Era um dos mais ricos pomares que se conhecia. Possuía frutas de todas as qualidades, até as mais raras, e seu contorno ajardinado num belo colorido de flores, trescalantes de suaves fragrâncias.
A “Chácara do Padre Linhares” era um solar aristocrático, ostentando os pergaminhos da nobreza, na opulência do seu todo e no conjunto do bosque dos seus arvoredos. A chácara era motivo de orgulho para quem a possuía e motivo de admiração para quantos a visitavam.
Ali desfrutava-se a sedução de amenidade climatológica, o que tudo deu a “Chácara do Padre Linhares” milagre de seus dias áureos marcados por uma grandeza espiritual que o tempo levou... e que representou bem um estilo fidalgo de vida, o sentido de conforto.
Hoje parece-nos a “Chácara do Padre Linhares” essa pátina da tradução de uma terra e de um povo, chora saudosa nas suas ruínas.

Recordando essa régia chácara que fala de um passado da amorosa terra de Silveira Neto, de Juca Moraes,   de Bingue Werneck,   de Ricardo Lemos,   de Juca Gelbeck,   de João Turim,   de Aguilar Moraes,   de Rodrigo de Freitas,   de Langue de Morretes,   de Theodoro De Bona, de Luiz Bastos,   de Chico Negrão,   de Frederico Oliveira,   de Maria Cândido Cordeiro,   de Targina Costa Pinto,   de Urbano Carrão,   de Marcelino Nogueira Junior,   de Odilon Negrão,   de Bento Gonçalves,   de Rômulo Pereira,   de Dona Mimina, Arthur Loiola,   Comendador Dodoca,   Agostinho Leandro,   Juca Pedro,   Joaquim Carmiliano,   Comendador Joaquim Alves,   Joaquim José dos Santos,   João Negrão além de outros muitos morretenses dignos e ilustres, numa homenagem a essa terra cheia de coisas boas da vida e a esse povo que tem coerência que é atributo de sensatos, unidos pelo mesmo perfume de seus lírios ao perfume do trabalho e da amizade, pego de minha desafinada lira para entoar-lhes estes meus versos de saudade: 



Morretes

No teu seio de lírios e fragrância,
Eu sinto uma feliz tranquilidade,
Um prazer agridoce, uma saudade
Dos tempos ideais da minha infância.

Os olhos fecho: como linda estância,
Entre montanhas vejo-te. E quem ha de
Rever-te sem rever a mocidade,
Quando te evoco, em cismas, à distância?

Berço querido do meu velho Pai,
Por ti, de joelhos, este servo cai,
Em prece de suavíssimo conforto.

Que teu povo cortês, em marcha avante,
Do progresso na senda rutilante,
Tenha um guia de amor: Virgem do Porto!



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