quarta-feira, 14 de julho de 2010

Humberto Malucelli, o amigo

Meu pai, com todo o seu talento para se expressar, gostava de escrever e por três anos, de 1932 a 1935, foi colaborador do jornal Morretes Esportivo e do Eco Morretense. De 1934 a 1959 foi decano dos correspondentes do Diário da Tarde, Estado do Paraná e Gazeta do Povo, sendo admitido na Academia de Letras José de Alencar na categoria de Jornalista.
Ao organizar o material para publicação do livro Tenho dito; Morretes e Morretenses nos discursos de Marcos Luiz De Bona, resolvi incluir alguns dos seus artigos escritos para homenagear amigos da sua querida terra natal.



Humberto Malucelli


Da velha Itália, para ajudar a fazer a grandeza do Brasil, vieram os 6 irmãos Malucelli, no ano de 1876. Radicando-se em Morretes, Marcos, Batista, Lourenço, João, Antonio e Domingos não foram meros expectadores das lutas pela sobrevivência das famílias estrangeiras que desembarcaram julgando ser este país a Terra da Promissão. Eles sentiram como os outros a desproteção do governo, a dureza da terra, a adversidade do clima.
Uma dádiva, porem, trouxeram de além-mar: o amor pelo trabalho que foi a razão de ser de suas vidas.
A família foi se tornando numerosa; os seis irmãos, filhos do tronco JOÃO-MARGARIDA, foram se tornando por sua vez chefes de outras tantas famílias numerosas, constituídas em sua maior parte de filhos homens que hoje, já na terceira geração no Brasil, expandem o nome MALUCELLI como padrão de honra.
A família, no início, teve um chefe na figura patriarcal do velho Marcos. A sua atuação foi enérgica e serena, na condução daqueles que aos poucos, com trabalho continuado, deixando cair seu suor na terra dadivosa, levantaram o patrimônio extraordi´nário dos dias atuais.
Marcos Malucelli, que é hoje nome de rua em Morretes, faleceu no ano de 1929. Desde então, a Empresa, por sua organização, não mais requereu a existência de um chefe que fosse ao mesmo tempo chefe da família. Todavia, vários homens do clã destacaram-se pelos negócios e equilíbrio de conduta, merecendo situações de comando.
Há pouco faleceu Humberto Malucelli. Filho do sub-tronco JOÃO-MARIA, o seu desaparecimento causou dolorosa impressão no seio da família, onde sua voz, ponderada e sensata era acatada. A bondade era o traço predominante do seu caráter. O seu trabalho, desde os duros tempos da lavoura, até aos atuais onde exerceu cargos de direção nas indústrias e funções públicas de alta relevância, inclusive a de Diretor de Departamento e Deputado Estadual, foi sempre no sentido do bem comum, preocupado que sempre se achava na boa administração, na assistência social e no prestigiamento de toda e qualquer iniciativa de cunho coletivo.
Sua educação possibilitava o trato lhano e bondoso com todas as pessoas que dele se aproximavam; o seu grande coração fazia-o o chefe de família amorosíssimo de todos conhecido, junto de sua venerada mãe, de sua virtuosa esposa, prendadas filhas e queridos netos.
Mas para nós outros, das relações de amizade do saudoso Humberto, o vocábulo mais inesquecível será o de AMIGO. Porque junto dele este termo não era formal; este termo encerrava afeição; a dedicação e a estima a que se evidenciava tanto nas horas alegres como nas amargas dos que com ele conviviam.
A nossa saudade será grande, porém amenizada pela certeza de que temos que a memória de Humberto Malucelli será sempre reverenciada entre seus familiares, seus amigos e entre todos aqueles que se espelharem no belo exemplo de sua vida.



*Artigo publicado no livro Tenho dito, p. 185

3 comentários:

  1. Muito legal! O companheiro Rotário de Bona era fera mesmo. Certamente seria botafoguense
    abcs
    HQ

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  2. É sempre bom lembrar de pessoas queridas.
    Abçs

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  3. Este ilustre morretense foi uma das figuras que deixou marcas no coração de seus amigos.
    bjs
    Zeila

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